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sábado, 8 de setembro de 2012

A SIMBOLOGIA DA FRANCO-MAÇONARIA


FRANCISCO ARIZA



Nesta revista dedicada à simbologia universal, não podiam faltar algumas reflexões sobre o importante simbolismo da Maçonaria, que representa, junto à tradição Hermética-Alquímica, a única via iniciática não religiosa que sobrevive ainda na Europa e sua área de influência cultural. E isto é assim embora, na atualidade, muitos maçons não conheçam - ou conhecem de forma muito limitada - o caráter simbólico e iniciático de sua Ordem. Alguns chegam inclusive a negar esse aspecto essencial da maçonaria, crendo que esta só persegue fins sociais e filantrópicos. Há outros, inclusive, que só vêm na riqueza simbólica da Maçonaria uma fonte inesgotável onde alimentar suas próprias fantasias "ocultistas", tão em moda hoje em dia. Sem dúvida, esta suplantação dos verdadeiros fins da Maçonaria e, por conseguinte, a infiltração das "idéias" profanas, só podia acontecer numa época que, como a nossa, vive imersa na mais profunda obscuridade intelectual e espiritual.
Devemos esclarecer que aqui se vai falar da Maçonaria tradicional, ou seja, daquela que mantém vivos e permanentes, através dos símbolos, dos ritos e dos mitos, os laços com as realidades cosmogônicas e metafísicas emanadas da Grande Tradição Primordial, da qual a Maçonaria é (em verdade) uma ramificação. No nosso entender, e considerada desta maneira, a Maçonaria, igual a qualquer outra organização tradicional, oferece ao homem caído e ignorante os elementos necessários para levar a cabo sua própria regeneração e evolução espiritual. A estrutura simbólica e ritual da Maçonaria reconhece numerosas heranças procedentes das diversas tradições que foram se sucedendo no Ocidente durante, pelo menos, os últimos dois mil anos. E este feito, longe de aparecer como um mero sincretismo, revela nesta Tradição uma vitalidade e uma capacidade de síntese e de adaptação doutrinal que lhe valeu o nome de "arca tradicional dos símbolos". Todas essas heranças foram se integrando com o transcorrer do tempo no universo simbólico da Maçonaria, amoldando-se a sua própria idiossincrasia particular. Procedendo de uma tradição de construtores, não deve parecer estranho que a Maçonaria desempenhe a função de arca receptora, pois precisamente a construção ou edificação não tem outra função além de pôr "a coberto" ou "ao abrigo" da intempérie ou inclemência do tempo; mas, analogamente, quando se entende a construção como algo sagrado -e este é o caso- está claro que esta não faz outra coisa senão proteger, e separar, do mundo profano (as trevas exteriores) tudo aquilo que corresponde ao domínio estritamente espiritual e metafísico. Por outro lado, este é precisamente o papel dos símbolos que aludem às idéias de receptividade e concentração, como a própria arca, o cálice, a caverna ou o templo. Sendo, como dissemos, uma via iniciática de origens artesanais, a Maçonaria teve uma especial sensibilidade com relação a todas as correntes tradicionais com as quais entrou em contato. Assim, dentre essas correntes merecem destaque, além do Hermetismo, as que procedem do Cristianismo, do Judaísmo e da antiga tradição greco-romana, e, mais concretamente, do Pitagorismo. Também poderíamos mencionar a ainda mais antiga tradição egípcia, sobretudo no que se refere aos símbolos cosmogônicos relacionados com a construção, pois, como é sabido, o antigo Egito é, na realidade, um dos centros sagrados de onde surgiu grande parte do saber que contribuiu para dar forma, com sua influência sobre os filósofos gregos, à concepção do mundo que é própria da cultura ocidental. De todo modo, a herança egípcia é transmitida à Maçonaria através, fundamentalmente, da Alquimia hermética e do Pitagorismo. Não obstante, disso que dissemos não se deve concluir que a Maçonaria seja o "resultado" da confluência de todas essas tradições. Se fosse assim, a Maçonaria viria a ser uma espécie de colagem ou museu arqueológico onde teriam abrigo todas as relíquias do passado encontradas aqui e acolá, e catalogadas segundo sua respectiva antigüidade. Evidentemente não é isso que queremos dizer quando falamos da herança multisecular recebida pela Maçonaria. Cada tradição é legitimada e conformada por uma "revelação" de ordem divina acontecida em um tempo mítico, a-histórico e atemporal.1 Tal revelação é "única" para cada forma tradicional que se constitui a partir dela, dando-lhe seu "selo" ou "marca" particular, sua estrutura, e, portanto, uma função e um destino a cumprir no cenário do tempo da história.
Ocorre, por quaisquer circunstâncias, que uma tradição receba de outra (ou outras) determinadas influências por contato ou similitude, o que muitas vezes foi inevitável e até necessário. Mas de nenhum modo isto que dizer que uma tradição se "transforme" em outra, pois, como ocorre com qualquer ser vivo, cada uma compreende um nascimento, um desenvolvimento, uma maturidade, e finalmente, uma morte. Aquilo que convencionou-se chamar de "Unidade Transcendente das Tradições", é bem diferente de uma simples "uniformidade". Significa, fundamentalmente, que todas - e cada uma delas - procede de uma fonte única (a Tradição Primordial), que se manifesta não na forma ou roupagem que possam adotar por circunstâncias de tempo e de lugar, mas, precisamente, no que constitui a "sabedoria perene" contida no núcleo mais interno e central de cada tradição. O que ocorre com respeito à Maçonaria é que esta não possui um caráter religioso, o que tornou possível sua adaptação a todas as tradições, religiosas ou não, com as quais se relacionou ao longo da história. Sua simbologia iniciática, demonstrada na arte da construção, entre outras coisas lhe serviu de cobertura protetora, ao mesmo tempo que lhe permitiu amoldar-se a qualquer "dogma" religioso ou exotérico sem entrar em conflito com ele. Temos um exemplo disso nas relações que, durante toda a Idade Média ocidental, a Maçonaria manteve com o poder eclesiástico e com as diversas organizações iniciáticas do esoterismo cristão. Por outro lado, se a Maçonaria, com esse espírito de fraternidade e tolerância que a caracteriza, não houvesse acolhido em seu seio essas diversas heranças, estas, com toda segurança se haveriam perdido definitivamente. E foi possivelmente essa capacidade receptora que contribuiu para fomentar essa ilusão de sincretismo que erroneamente alguns lhe atribuem. É precisamente o contrário, pois a Maçonaria ao "reunir o disperso" não fez nada além de conservar em suas estruturas simbólico-ritualísticas a "memória" dessas múltiplas heranças, cumprindo com isso um papel "totalizador" que tem sua razão de ser (e uma razão de ser profunda) neste final de ciclo que estamos vivendo. Neste sentido, e da mesma forma que na "arca" de Noé foram guardadas, para que não perecessem, todas as "espécies" que deviam ser conservadas durante o cataclisma ocorrido entre dois períodos cíclicos, a "arca" maçônica também acolhe tudo o que de válido deve conservar-se - até que, por sua vez, o ciclo presente termine - e que constituirá os "germens" espirituais que se desenvolverão durante o transcurso do futuro ciclo. Particularmente esta função recapituladora assumida pela Maçonaria tradicional faz pensar que ela subsistirá até a consumação do ciclo, o que, por outro lado, e como assinala um autor maçon, "... está expresso simbolicamente pela fórmula ritual segundo a qual a Loja de São João está no vale de Josafá", que, acrescentamos, é onde simbolicamente terá lugar o que no Cristianismo se denomina o "Juízo Final"2. No mesmo sentido, também se diz que a Loja maçônica permanece"... na mais alta das montanhas e no mais profundo dos vales", aludindo com isso ao começo do ciclo (quando o Paraíso se encontrava no topo da montanha do Purgatório) e ao seu final (quando a Verdade do conhecimento, representada pelo estado edênico, "fechando-se" em si mesma, se fez invisível à maioria dos homens, ocultando-se no "mundo subterrâneo"). Há que se dizer, para completar esta simbologia cíclica, que o vale corresponde à caverna, que por estar no interior da montanha se situa por sobre um mesmo eixo que conecta a cúspide de uma com a base da outra, unindo desta maneira o mais "alto" (ou princípio) com o mais "baixo" (ou final).

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