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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Anjo da Igreja de Efeso

1 “Ao anjo da igreja de Éfeso escreva o seguinte:” (Apoc. 2:1)
A cidade de Éfeso foi uma das mais notáveis jóias do mundo antigo, na verdade, possivelmente a terceira em população na Ásia Menor (em torno de 150 mil pessoas), situando-se na Turquia dos dias atuais. Quando o Imperador Augustus em 27 A.C. foi procônsul da Ásia, de Pérgamo a Éfeso, começou oficialmente o grande período de prosperidade política e financeira para a cidade de Éfeso. Anos mais tarde, Estrabão, um importante historiador Romano, em seus escritos declarou que Éfeso era a segunda cidade em grandeza ficando depois somente de Roma (Estrabão, Geografia, Vol. 1-7, 14.1.24.). Como todas cidades do mundo antigo esta cidade abrigava em si uma instituição religiosa. Os Efésios eram os guardiões do culto de Ártemis a Grande (Atos 19:35), uma deusa Grega mãe da prosperidade bem conhecida e adorada em toda a região do Mediterrâneo. Ela, por sua vez, se supunha ser extremamente preocupada com o bem-estar da cidade de Éfeso e por extensão com o de qualquer pessoa que a homenageasse em qualquer outro lugar do mundo Greco-Romano. O Templo de Ártemis era tão magnífico que foi incluído entre as sete maravilhas do mundo antigo.
Em Atos 19:8 lemos que “Paulo entrou na sinagoga e falou ousadamente lá por três meses, argumentando convincentemente sobre o Reino de Deus.” Nos degraus da magnífica Biblioteca de Celsus ainda hoje pode ser vista gravada na pedra uma figura da menorá do Templo de Jerusalém. Isso mostra que o testemunho do livro de Atos sobre a presença Judaica em Éfeso foi preciso, mesmo que atualmente nenhuma sinagoga Judaica tenha sido  identificada entre suas ruínas arqueológicas.
A cidade de Éfeso também tinha uma história muito interessante e rica de seguidores de Cristo ligados a ela. O apóstolo Saulo (Paulo) viveu e trabalhou lá proclamando o Evangelho sem impedimentos por vários anos (Atos 19:10). Entende-se que em algum momento em meados dos anos 60 ele escreveu sua primeira carta para os Corintios e várias outras cartas. Lá Saulo (Paulo) afirmou: “…Ficarei em Éfeso até Pentecostes, pois encontrei aqui ótimas oportunidades para um grande e proveitoso trabalho, embora muita gente esteja contra mim.” (1 Coríntios 16:7-9). Lucas declarou em Atos 19:17 que “os Judeus e os Gregos que viviam em Éfeso… ficaram com medo, e o nome do Senhor Jesus se tornou mais respeitado ainda.” Esta descrição foi escrita em resposta a repreensão do espírito maligno a alguns Judeus residentes em Éfeso que usavam o nome de Jesus e de Paulo para fins de cura e exorcismo (Atos 19:15-17).
Em nossas traduções em inglês esta carta está dirigida a ἄγγελος (angelos) “o anjo” da Iigreja em Éfeso. Há duas questões de terminologia que precisam ser mencionados. O uso da palavra “igreja” para traduzir a palavra ἐκκλησία (ekklesia) é um tanto problemático aqui. Estamos lidando aqui com o contexto do primeiro século. No primeiro século havia não igrejas, nem mesmo  igrejas Judaicas  como elas as vezes são referidas. Uma igreja como instituição é por definição separada em sua essência de uma sinagoga Israelita. Devido as  atitudes Judaicas anti-Romanas de João nesta carta, provavelmente estamos lidando com uma mistura de igrejas de seguidores de Jesus  Israelitas e não-Israelitas  na Ásia Menor.
Assim sendo é razoável sugerir que estes igrejas compartilhassem  ou pelo menos estivessem muito familiarizadas com as práticas da sinagoga Judaica. Até hoje as sinagogas tem uma pessoa  geralmente chamada שליח ציבור (shaliach tzibur) – lit. “um mensageiro público”. Seu trabalho era conduzir  as pessoas em oração, fazer anúncios congregacionais e apresentar qualquer correspondência recebida pela igreja, entre outras coisas. É possível que isto seja o que se entende aqui pelo termo ἄγγελος “um anjo” (angelos/malach/shaliach-tzibur/mensageiro). Isto, claro como já foi mencionado em outras seções, não é a única opção interpretativa, talvez mensageiros celestiais estejam de fato em questão.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fundamentalismo secular...

Fundamentalismo secular:

Breve resposta a três ateístas militantes.*

 

 

 

Fala-se muito hoje em dia, e com razão, de fundamentalismo religioso. Mas a última coisa que o mundo precisa é da “reação” de algo como um fundamentalismo anti-religioso. Pois infelizmente é justamente este tipo de nova intolerância que alguns polemistas estão propondo. Ideias têm consequências. É a primeira coisa que um intelectual deveria saber. Não parece ser o caso de polemistas e cientistas como Christopher Hitchens, Richard Dawkins e Sam Harris. Estes autores, extrapolando claramente os limites da ciência, estão defendendo abertamente a “erradicação” das tradições religiosas da humanidade. Na opinião deles, elas são irracionais, não trouxeram nada positivo, são marcadas por debilidade intelectual e, ademais, constituem um perigo para nossa sobrevivência.



     Nada de positivo?

 

     Mas o que dizer então da catedral de Chartres, do Taj Mahal e da Alhambra? E da sabedoria perene de Lao Tsé, Shânkara, Santo Agostinho, Ibn Arabi, Ralph Waldo Emerson? Estes monumentos, arquitetônicos e intelectuais, são manifestações diretas de um espírito religioso que nunca cessou de existir entre os mais diferentes povos.

 

     Lembremos também que a presença da religião se estende até aspectos mais mundanos e prosaicos, como, por exemplo, a cultura do vinho e a da cerveja, implementadas na Europa pelos monges. Sem esquecer as universidades e os hospitais criados pela Igreja. Nem tampouco as cidades que devem todo seu encanto ao espírito -- Istambul, Fez, Cairo, Varanasi, Kioto, Jerusalém, Siena, Toledo, Ávila e tantas outras.

 

Debilidade intelectual?

 

Em sua “cruzada cienticista”, estes justiceiros de avental branco nunca ouviram falar do Bhagavad-Gita, do I-Ching, do Sermão da Montanha? Dante e a Divina Comédia não significam nada para os novos inquisidores?

 

Irracionalidade?

 

Como explicam então o gênio de Pascal e do Padre Vieira? E Shakespeare, Calderón, Rûmi, Guimarães Rosa?

 

A música de Bach, Mozart e o canto gregoriano, um perigo para nossa sobrevivência? Tanto quanto a dança indiana e o giro extático dos dervixes?

Salomão tinha razão quando disse, há três mil anos, que nada há de realmente novo sob o Sol. Estes cientistas e polemistas crêem estar propondo algo original, mas não dizem nada de essencialmente diferente dos ateístas da Grécia, Índia e outras paragens de outrora. Repetem o discurso dos sofistas de 2.500 anos atrás. Freud e Marx também já haviam tentado "erradicar" a religião com uma "canetada". Esquecem que não há civilização, em toda a longa história humana, que não tenha tido a sua religião. "Não há cultura sem culto", disse T.S. Eliot. O que há de "inovador" na proposta atual é a falta de imaginação e uma arrogância bem "moderna".

 

Estes autores extrapolam, ademais, o campo de ação próprio da ciência, tornando-a na prática uma pseudo-religião – a sua anti-religião transforma-se numa nova "religião", ainda mais intolerante do que a que pretendem combater.

"Quando o dedo aponta para a Lua, os tolos olham para o dedo", diz um provérbio Zen. Que mundo absolutamente sem graça e sem sal este para o qual Dawkins, Hitchens e camaradas olham! Sem a sabedoria de Confúcio, a presença espiritual e o exemplo de desapego dos  santos, as pinturas de Fra Angelico, os templos e a música da Índia. Um mundo sem perfume, sem beleza, sem virtude. Mais importante ainda, sem propósito e sem sentido. Pelo visto, estes homens passaram tempo demasiado num laboratório e não atentaram para o fato de que muito do bem que ainda temos deriva da sabedoria transmitida pela religião. Não daquela superficialmente e fanaticamente entendida, é claro, mas da religião da Verdade, do Bem e do Belo de que falava Platão.

 

Corruptio optimi pessima, a corrupção do melhor é o pior tipo de corrupção. Isso se aplica à chamada "direita religiosa", especialmente nos EUA, com suas superficialidades, sua auto-complacência e seus graves erros políticos. Mas os cientistas de que falamos não estão criticando a direita religiosa, eles estão querendo o fim da religião em si!

 

Finalmente, há que responder a seus pseudo-argumentos dizendo que as grandes desgraças do século XX não foram causadas pela religião. Nem a 1ª nem a 2ª Guerras Mundiais tiveram qualquer relação com qualquer religião. O nazismo e o stalinismo foram visceralmente anti-religiosos. O presidente Truman mandou jogar bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; o que a religião tem a ver com isso? Pelo contrário, foram os "fanáticos fundamentalistas" da ciência e da tecnologia que as produziram e as lançaram.

 

Em suma, esses oportunistas escamoteiam que nenhuma de nossas tragédias recentes teve motivação religiosa. As "bombas inteligentes" e os "ataques cirúrgicos" foram criados e fabricados pelos camaradas de Dawkins. As modernas ditaduras, "racionais e científicas", violentamente anti-religiosas, perseguiram e torturaram milhões de cristãos, judeus e muçulmanos nos tempos da União Soviética e milhões de budistas, taoístas e confucionistas na época da "Revolução Cultural" – os piores papas, reis e califas da história foram apenas meninos travessos se comparados a esses corifeus das destruições em massa.

 

Será que Jesus, o Buda e Maomé, todos fundadores de religiões, não sabiam o que faziam? Essa panela de fundamentalistas da ciência é mais sábia do que eles? A perversão e a depravação humanas, como Frithjof Schuon e Wiliam Stoddart têm explicado em seus livros, são o bastante para explicar nossas misérias. E se as religiões não são totalmente inocentes -- "Por que me chamais bom? Só Deus é bom", disse o Cristo --, é graças a elas, com seus exemplos de sabedoria, amor e compaixão, que as coisas não estão muito piores...

 

 

Por Mateus Soares de Azevedo

 

 

 

* Texto originalmente publicado como capítulo do livro Homens de um Livro Só (Best Seller, 2008).

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Loja de Emulação de Aperfeiçoamento

Por Paulo Brigolini


A Loja Emulação de Aperfeiçoamento para Mestre Maçons, sendo este seu nome completo, tem sua origem por ocasião da União das duas Grandes Lojas então existentes na Inglaterra.

Contudo, muito antes de se promover a união destas duas grandes Lojas muitos esforços foram empreendidos no sentido de se buscar uma padronização da ritualística, ou seja, aquilo que entendemos por rituais, mas para tanto era necessário que ocorresse um trabalho de unificação.

Neste sentido fora fundada a Loja de Promulgação com o objetivo de estudar os Landmarks e as práticas esotéricas para recomendar as mudanças que deveriam ser feitas no sentido de trazer os rituais a uma forma aceitável, visando de antemão a preparação para a união das Grandes Lojas.

Em 7 de dezembro de 1813 é criada uma loja mista denominada Loja da Reconciliação que harmonizava os rituais, sendo que todo o trabalho fora efetuado oralmente, respeitando-se a proibição de nada escrever a respeito do “segredo maçônico” como uma forma de manter-se o segredo da Ordem, sendo assim, nenhuma ata fora redigida, bem como fora proibido inclusive tomar notas.

Desta forma, a Loja da “Reconciliação” apresentou oralmente o novo ritual harmonizado para as Lojas de Londres e seus arredores, sendo que estas apresentações seguiram-se durante três anos ininterruptos o que, com esta providencia propiciou a padronização da ritualística por meio do novo ritual adotado.

Em junho de 1816, as formas dos rituais para uso na nova Grande Loja foram demonstradas pela Loja da Reconciliação constituída especialmente para produzi-las, as quais viriam documentar, oficialmente através de resolução as Cerimônias praticadas até então.

Assim, em 1816, surge oficialmente um novo ritual, “aprovado e confirmado” pela Grande Loja Unida da Inglaterra, resultado de um longo trabalho iniciado em 1794, coroado pelo Act of Union de 27 de dezembro de 1813 e finalmente concluído em junho de 1816.

Em 2 de outubro de 1823 os membros de duas Grandes Lojas, a “Burlington Lodge”, e “Perseverance Lodge”, se reúnem pela primeira vez na Loja Emulação de Aperfeiçoamento para Mestres Maçons, com a finalidade de prover instruções para aqueles que desejassem se preparar para cargos de lojas e à sucessão na Cadeira.

O trabalho Emulação recebeu este nome da Loja de Emulação e Aperfeiçoamento cujo Comitê é o curador do ritual por delegação da Grande Loja Unida da Inglaterra, e que autoriza a publicação do livro denominado Ritual Emulação.

É importante dizer que a Grande Loja Unida da Inglaterra não dispõe de nenhum ritual oficial escrito e jamais autorizou a publicação de qualquer forma específica de rituais existentes e consagrados na Inglaterra.

Pela regra artigo nº 1551 das Constituições da Grande Loja Unida da Inglaterra, compete às Lojas Simbólicas a regulamentação dos procedimentos das formas de ritual, reservando-se no direito de intervir em qualquer Loja inglesa que adote formas ou modificações entranhas a prática do ritual conforme ensinado desde 1813, daí a existência, na Inglaterra, das diversas formas de rituais – Emulation, Stability, Bristol, Oxford, Taylor’s, Humber, Logic, West End, etc, pois a Grande Loja Unida da Inglaterra não legisla sobre a forma de ritual adotado pelas suas lojas.

Os responsáveis pela condução da Loja de Emulação, desde os primeiros tempos, têm adotado a postura de assegurar a prática do ritual aprovado sem permitir sua alteração, muito embora não se possa pretender que o atual Ritual Emulação esteja na forma exata do ritual praticado verbalmente há quase dois séculos atrás quando as Cerimônias foram aprovadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, a quem cabe, única e exclusivamente, atualizá-las ou aprovar suas atualizações.

Por esta razão, o Comitê da Loja de Emulação e Aperfeiçoamento, sempre considerou que, por razões de confiança, deveria manter-se sem alteração as formas rituais completas passadas por seus predecessores, e que está fora de sua autoridade fazer qualquer alteração a menos que oficialmente sancionadas por resolução ou aceitação da própria Grande Loja da Inglaterra, por ter sido aprovado originalmente por ela.

Durante todo este tempo ocorreu ajustes ocasionais, nos rituais aprovados pela Grande Loja sendo que os mais significativos foram as variações nos Juramentos, permitidas por uma resolução da Grande Loja em dezembro de 1964 e, mais recentemente a mudança mais extensa no procedimento, introduzida pela resolução da Grande Loja em 11 de junho de 1986.

Mas, apesar desses ajustes nos rituais, a política do Comitê é preservar o ritual tão próximo quanto possível da forma na qual foi originalmente aprovado pela Grande Loja Unida da Inglaterra, e não permitir emendas cuja autorização não derive da mesma fonte.

Devido ao fato de que a Grande Loja assumira a opinião de que o ritual não devia ser confiado à impressão, a repetição oral se constituiu no meio de sua transmissão. Foi apenas em 1969 que a Loja Emulação de Aperfeiçoamento patrocinou a publicação da primeira edição do “Ritual Emulação”.

Então, por quase meio século, instruções orais e repetições foram, para muitos o único meio de aprendizado e as reuniões semanais de Emulação promoveram oportunidades para isso.

Evidentemente que alguns manuais escritos apareceram, entretanto pelas diferenças entre eles é provável que não fossem plenamente corretos e, não foi antes de 1870 que os livros impressos de rituais começaram a ser usualmente aceitos e, desde então, um grande número tem sido publicado.

Alguns deles têm proposto estabelecer o Sistema de Trabalho de Emulação, mas nenhum desses teve nenhuma autorização da Loja de Emulação e Aperfeiçoamento, o que, repita-se, só fora ocorrer em 1969 quando a referida Loja patrocinou a primeira publicação.


1 ) 155. Os membros presentes em qualquer Loja, devidamente reunida, têm o direito inalienável para regular os seus próprios procedimentos, desde que eles estejam de acordo com as leis gerais e regulamentos da Ordem; mas um protesto contra qualquer resolução ou procedimento que seja contrário às leis e costumes da Ordem e com a finalidade de reclamar ou atrair uma autoridade maçônica maior, pode ser feito, e tal protesto será anotado no Livro de Apontamentos, se o Irmão que faz o protesto assim solicitar.

El Octágono



por : René Guénon
 
 
Volvemos a la cuestión del simbolismo, común a la mayoría de las tradiciones, de los edificios constituidos por una base de sección cuadrada coronada por un domo, o por una cúpula más o menos rigurosamente hemisférica. Las formas cuadradas o cúbicas se refieren a la tierra, y las formas circulares o esféricas al cielo; la significación de esas dos partes resulta inmediatamente de esto, y agregaremos que la tierra y el cielo no designan allí únicamente los dos polos entre los cuales se produce toda la manifestación, como ocurre particularmente en la Gran Tríada extremo-oriental, sino que comprenden también, como en el Tribhúvana hindú, los aspectos de esa manifestación misma que están más próximos, respectivamente, de dichos polos, y que, por esta razón, se denominan el mundo terrestre y el mundo celeste. Hay un punto sobre el cual hemos tenido oportunidad de insistir anteriormente, pero que merece tomarse en consideración: en cuanto el edificio representa la realización de un modelo cósmico, el conjunto de su estructura, si se redujera exclusivamente a esas dos partes, sería incompleto en el sentido de que, en la superposición de los tres mundos, faltaría un elemento correspondiente al mundo intermedio. De hecho, este elemento existe también, pues el domo o la bóveda circular no puede reposar directamente sobre la base cuadrada, y para permitir el paso de uno a otra hace falta una forma de transición que sea, en cierto modo, intermedia entre el cuadrado y el círculo, forma que es generalmente la del octógono.
Esta forma octogonal está real y verdaderamente, desde el punto de vista geométrico, más próxima al círculo que al cuadrado, pues un polígono regular se acerca tanto más al círculo cuanto mayor es su número de lados. Sabido es, en efecto, que el círculo puede considerarse como el límite hacia el cual tiende un polígono regular cuando su número de lados crece indefinidamente; y se ve netamente aquí el carácter del límite, entendido en sentido matemático: no es el último término de la serie que tiende a él, sino que está fuera de esa serie, pues, por grande que sea el número de lados de un polígono, éste nunca llegará a confundirse con el círculo, cuya definición es esencialmente otra que la de los polígonos [1]. Por otra parte, cabe señalar que, en la serie de los polígonos obtenidos partiendo del cuadrado y duplicando cada vez el número de lados, el octógono es el primer término [2]; es, pues, el más simple de todos esos polígonos, y al mismo tiempo puede considerarse como representativo de toda esa serie de intermediarios.
Desde el punto de vista del simbolismo cósmico, encarado más particularmente en su aspecto espacial, la forma cuaternaria, es decir, la del cuadrado cuando se trata de polígonos, está, naturalmente, en relación con los cuatro puntos cardinales y sus correspondencias tradicionales diversas. Para obtener la forma octogonal, hay que considerar además, entre los cuatro puntos cardinales, los cuatro puntos intermedios [3], que forman con aquéllos un conjunto de ocho direcciones, aquellas que diversas tradiciones designan como los ocho vientos [4]. Esta consideración de los vientos presenta aquí algo particularmente notable: en el ternario védico de las deidades que presiden respectivamente los tres mundos, Agni, Vâyu y Aditya, es Vâyu [‘Viento’], en efecto, quien corresponde al mundo intermedio. A este respecto, en lo que concierne a las dos partes, inferior y superior, del edificio, que representan el mundo terrestre y el celeste, según habíamos explicado, cabe señalar que el hogar o el altar, situado normalmente en el centro de la base, corresponde evidentemente a Agni [‘Fuego’], y que el ojo que se encuentra en la sumidad del domo figura la puerta solar y corresponde así, no menos rigurosamente, a Aditya [‘Sol’]. Agreguemos además que Vâyu, en cuanto se identifica con el hálito vital, está manifiestamente en relación inmediata con el dominio psíquico o manifestación sutil, lo que justifica de modo aún más cabal esa correspondencia, ya se la encare en el orden macrocósmico, ya en el microcósmico.
En la construcción, la forma del octógono puede realizarse, naturalmente, de diferentes modos, y especialmente por medio de ocho pilares que soportan la bóveda; encontramos un ejemplo en China en el caso del Ming-tang [5], cuyo techo redondo está soportado por ocho columnas que reposan sobre una base cuadrada, como la tierra, pues, para realizar esta cuadratura del círculo, que va de la unidad celeste de la bóveda al cuadrado de los elementos terrestres, es menester pasar por el octógono, que se halla en relación con el mundo intermedio de las ocho direcciones, de las ocho puertas y de los ocho vientos [6]. El simbolismo de las ocho puertas, que se menciona también en ese pasaje, se explica por el hecho de que la puerta es esencialmente un lugar de paso, y representa como tal la transición de un estado a otro, especialmente de un estado exterior a otro interior, por lo menos relativamente, pues esa relación de lo exterior y lo interior es siempre comparable, por lo demás, en cualquier nivel que se sitúe, a la del mundo terrestre y el mundo celeste.
En el cristianismo, la forma octogonal era la de los antiguos baptisterios, y pese al olvido o la negligencia del simbolismo desde la época del Renacimiento, se la encuentra generalmente aún hoy en el cuenco de las fuentes bautismales [7]. También aquí, se trata con toda evidencia de un lugar de paso o transición; por otra parte, en los primeros siglos, el baptisterio estaba situado fuera de la iglesia, y solo aquellos que habían recibido el bautismo eran admitidos en el interior de ella; va de suyo que el hecho de que las fuentes hayan sido luego trasladadas a la iglesia misma, pero siempre cerca de la entrada, en nada cambia su significación. En cierto sentido, según lo que acabamos de decir, la iglesia está, con respecto al exterior, en una correspondencia que es como una imagen de la del mundo celeste con respecto al mundo terrestre, y el baptisterio, por el cual hay que pasar para ir de uno a otro, corresponde por eso mismo al mundo intermedio; pero, además, el baptisterio está en relación aún más directa con éste por el carácter del rito que se cumple en él, el cual es propiamente el medio de una regeneración que se efectúa en el dominio psíquico, es decir, en los elementos del ser que pertenecen por naturaleza a ese mundo intermedio [8].
Con respecto a las ocho direcciones, hemos señalado una concordancia entre formas tradicionales diferentes, la cual, aunque referida a otro orden de consideraciones que el que teníamos particularmente en vista, nos parece demasiado digna de atención para abstenernos de citarla: Luc Benoist señala [9] que en el Scivias de Santa Hildegarda, el trono divino que rodea los mundos está representado por un círculo sostenido por ocho ángeles. Ahora bien; ese trono que rodea el mundo es una traducción lo más exacta posible de la expresión árabe el-’Arsh el-Muhît [‘el Trono que envuelve o engloba’, o ‘el Trono de Aquel que envuelve o engloba’], y una representación idéntica se encuentra también en la tradición islámica, según la cual ese trono está igualmente sostenido por ocho ángeles, que, según lo hemos explicado en otro lugar [10], corresponden a la vez a las ocho direcciones del espacio y a grupos de letras del alfabeto árabe; deberá reconocerse que tal coincidencia es más bien asombrosa. Aquí, ya no se trata del mundo intermedio, a menos que pueda decirse que la función de esos ángeles establece una conexión entre ese mundo y el celeste; como quiera que fuere, ese simbolismo puede vincularse, empero, en cierto respecto por lo menos, con el que precede, recordando el texto bíblico según el cual Dios hace de los Vientos sus mensajeros [11], y teniendo presente que los ángeles son literalmente los mensajeros divinos ♦
 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A influência Gnóstica no Santo anjo Guardião


 

 

 

Influência Gnóstica No Santo Anjo Guardião

 

Os ensinamentos de misticismo Gnósticos eram resultado do encontro de culturas no Egito helenístico. Os mistérios egípcios antigos conheceram as filosofias (Pitagóricas, Platônicas) e mitologias Pagãs dos gregos, junto com a religião mística dos judeus Essênios acampados naquela parte do mundo. Ao mesmo tempo, um espectro inteiro de filosofias e religiões estava emergindo em lugares como a Alexandria - como Zoroastrianismo, Estoicismo, Neoplatonismo e Hermetismo. Uma vez a administração do Egito trocou eventualmente dos gregos para os romanos, nós tivemos a matriz cultural que conduziram finalmente às primeiras formas de Cristianismo (como Cristianismo cóptico e Gnosticismo).
Os Gnósticos, entretanto Biblicamente orientados, desenvolveram uma visão muito sem igual do universo e interpretação das escrituras Bíblicas. E isto provavelmente foi muito para sua visão separatista sobre a cultura mística sem igual que os cercaram. Para eles, o Deus adorado pelos judeus era um ser cego e ignorante - um Deus menor que posa como o mais Alto. Os Anjos, como também os Deuses adorados em fés Pagãs, eram nada além de Arcontes (isso é - os Governadores) encarregado pelo pretenso-deus a manter a Terra como uma prisão.
Fascina-me como as filosofias Gnósticas são semelhantes aos ensinamentos Orientais. Por exemplo, os Gnósticos acreditaram em reencarnação. Almas humanas - apanhadas pelos Arcontes – são forçadas a reencarnar em um ciclo infinito. Ainda, o ciclo não é mantido pelos Arcontes! Eles são apenas semeadores oportunistas de sofrimento da humanidade. O que de fato mantém a Roda girando é a paixão humana. É a alegria humana e o sofrimento que nos mantém atados aqui, e é somente pelo repouso que a liberdade é obtida. Repouso é um conceito Neoplatônico - e o que isso significava para os Gnósticos era que apenas uma mente livre dos tormentos das paixões pode ganhar liberdade da Roda e pode alcançar o Céu. (Compare isto às idéias Orientais de Samsara, Nirvana, e a clareza meditativa da mente que leva de um a outro.)
Antes deste ponto na história, a maioria das religiões aceitavam uma divisão trina do universo: o reino celestial acima (onde as estrelas, planetas e Deuses viviam), o reino infernal abaixo (onde o falecido, Deuses do falecido, e várias classes de demônios viviam), e o reino natural intermediário (onde os humanos, animais, e espíritos da natureza viviam). Porém, os Gnósticos tinha classificado o reino celestial inteiro como a casa dos Arcontes e o pretenso-deus. A razão para isto será descoberta quando nós dermos uma olhada nas suas visões da astrologia.
Os Gnósticos eram firmemente anti-astrologia. Lembre-se que todas as religiões ao redor deles eram profundamente envolvidas em preocupações astrológicas. Na realidade, a maioria deles havia desenvolvido algum tipo de cultos religiosos que adoravam vários Planetas nas formas de Deidades. (O Deus judeu não se ajustava a essa conta, mas Ele reivindicava ser o líder e diretor das Deidades Planetárias.) Claro que, ao Gnósticos, estes eram todos Arcontes que só desejavam prolongar o sofrimento humano e aumentar o seu próprio poder em cima da humanidade. Pior de tudo era o horóscopo natal - aquela representação visual da relação dos Arcontes e a alma na hora de nascimento. Representava - de acordo com Platão - a mesma cadeia de Karma que liga uma alma à Roda do Destino. Era a meta singular dos Gnósticos para se livrar desta cadeia Kármica, e assim da Roda do Destino.
Por fim, esta filosofia aparece para deixar alguns buracos filosóficos para serem preenchidos. Se Deus realmente não for o mais Alto, então Quem é? Se a pessoa contornar o reino celestial rumo a “outro lugar”, então onde é este lugar? Os Gnósticos respondem de forma aparentemente simples na superfície: além dos planetas e as estrelas fixas são a Abundância (pleroma) - a Mente do Deus Altíssimo. A Abundância está sobre natureza porque é a fonte de natureza. É a casa das Eternidades - que são um tipo de Super-Arcanjo - junto com todas as matrizes azuis arquetípicas para as coisas que manifestariam nos reinos celestiais e físicos. Ao contrário, nos reinos mais baixos, entretanto, a Abundância descansa em Repouso perfeito. Nenhuma paixão pode existir lá. Por causa disto, os seres da Abundância têm pouco a nada a ver com o que acontece aqui na Terra.
Ainda, os Gnósticos acreditam, como um aspecto fundamental da sua fé, que ele mesmo era a Abundância. Os Gnósticos consideravam a maioria dos humanos como além da salvação da Roda do Destino, mas eles acreditavam que eram essencialmente diferentes. Os Gnósticos representavam uma minoria de elite humana em que cada um possuía uma faísca de Luz da Abundância. (A mitologia relativa à descida desta Luz do Pleroma para Terra é longa e complicada, é tratada a fundo em minha composição “Gnosticismo, História e Mitologia”.)
De acordo com alguns ensinamentos, toda alma Gnóstica (Faísca) aqui na Terra tem um duplo Angelical na Abundância. Este duplo é um tipo de Eternidade[8] menor, a quem pertence àquela faísca de Luz Divina. Usando o idioma da filosofia clássica, os Gnósticos consideravam a alma como um ser feminino. Era a Noiva prometida ao Anjo masculino acima, cada um esperando ansiosamente pela (re-)união. (Em termos modernos, nós reconheceríamos a alma como "o Ego" e o Duplo Angelical como o "Eu Superior".)
Todos estes elementos vêm formar um tipo de drama místico. Os amantes separados, os capturadores hostis, e a indagação para achar um caminho para casa novamente. Ainda, há um jogador final neste drama - um jogador que relaciona-se diretamente a nossa própria exploração do Santo Anjo Guardião. Uma vez que Ele espera é a esperança dos amantes, o redentor dos captores, e a Luz Guia para casa. Ele é chamado Cristo.
O Cristo é uma figura fascinante. É a incorporação da consciência - ou Inteligência - do Deus Altíssimo. Enquanto sua casa estiver dentro da Abundância, não manifesta naturalmente quaisquer das Eternidades. Ao invés disso, o Cristo surge (por nascer) da própria Fonte mais Elevada. Rege durante as Eternidades, e é creditado na realidade como ensinando-lhes a necessidade de Repouso. Até mesmo os "Egos Angelicais" mais Elevados no Pleroma são crianças do Cristo e a Eternidade chamada Sabedoria (Sophia).
Porém, mais importante, o Cristo é o Redentor. É seu trabalho viajar nos reinos criados imperfeitos, despertando a alma e fazendo-a lembrar de sua casa, e finalmente conduzir a alma à sua reunião no Céu. Então, o Cristo só desfruta a habilidade especial para cruzar a Grande Barreira à vontade entre a Abundância e o mundo criado dos Arcontes.
Esta idéia não era certamente nada nova - especialmente para os egípcios. Até mesmo as religiões xamânicas mais primevas reconheceram os ciclos dos Planetas e Estrelas como se eles passassem acima e abaixo do horizonte. Para a mente antiga, estes eram os Deuses que movem entre o reino celestial e o mundo dos criminosos. Nenhuma coisa viva na Terra - com a exceção notável do Xamã - possuidor o poder para vir e ir à vontade entre vida e morte. Especialmente, o Sol era notável por suas viagens diárias no mundo dos criminosos - onde se supunha que Ele arbitrava entre os mortos durante a noite tanto quanto Ele arbitrava entre os vivos enquanto estava no céu. Nós achamos padrões semelhantes na Suméria, Babilônia, e Egito.
Vindo do Egito, não é nenhuma surpresa que algum simbolismo de Osíris achou seu caminho na concepção Gnóstica do Cristo. Osíris, Faraó dos Deuses, foi adorado como morrendo e erguendo-se como uma Deidade Solar. Sua mitologia sagrada reflete o crescimento e o decréscimo do Sol ao longo do ano. Então, era a sua habilidade de mover-se entre, e reinar sobre, ambos os reinos celestiais e infernais que fizeram dele alguém interessante para os Gnósticos. O seu nome é invocado freqüentemente no Papiro Mágico Grego, e Ele é relacionado fortemente ao Cristo.
Ainda que se tenha adotado o simbolismo Solar, é importante lembrar que o Cristo Gnóstico não seja comparado com o Sol. Totalmente o contrário, é o Sol - em todo sua majestade e brilho - que é considerado como uma mera cópia imperfeita da Glória do Cristo. A Abundância é a verdadeira casa do Cristo, bem anterior a esfera divina do Sol e, na realidade, a toda natureza criada.
Bem! Tudo isso foi dito apenas pela simples referência que Agrippa faz para "os egípcios" no seu trabalho. Enquanto as escolas Gnósticas atuais tenham sido extintas na era medieval, muitos de seus conceitos fundamentais se mantiveram vivos no Cristianismo e em textos místicos judeus deste período. Assim, a influência de pensamento dos Gnósticos é aparente na descrição que Agrippa dá para o Duplo-Eterno "Santo Daemon". É uma criatura santa de natureza superior (ao invés do Gênio), que fala conosco quando nos achamos em Repouso, e nos conduz mais próximo à perfeição espiritual.
O simbolismo de Cristo/CRISTO permanece aparente e forte como bem no Santo Anjo Guardião de Abramelin. Como Agrippa, Abraham, o judeu, insiste que o Repouso é de importância suprema se a pessoa deseja ouvir e falar com o Anjo Guardião. A função do Anjo também é a mesma - conduzir a pessoa à perfeição sagrada. Mais, Abramelin utiliza a imagem Solar que nós sabemos desce dos mistérios Osirianos e Cristãos.
Porém, a posição dos Gnósticos contra a astrologia é preservada no Livro de Abramelin. Enquanto as conexões históricas diretas entre literatura dos Gnósticos e este manuscrito é desconhecida, as atitudes relacionadas à astrologia dadas na primeira parte de Livro II, Cap. 6 (Relativo às Horas Planetárias e Outros Erros dos Astrólogos) são um retrato escandalosamente preciso dos conceitos Gnósticos:
É fato que os Doutos em Astrologia escrevem dos astros e seus movimentos e que realmente produzem efeitos diversos em coisas inferiores e elementais; e são, como já dissemos, operações naturais dos Elementos; mas que tenham poder sobre os Espíritos, ou força em tudo o que é sobrenatural, não pode ser, nem nunca será.
Mas ao invés, achar-se-á que pela permissão do Grande Deus, são os Espíritos que regem o firmamento. Que insanidade é essa então de implorar o favor do Sol, da Lua e das estrelas, quando o objetivo deveria ser conversar com os Anjos e Espíritos?
Isto indica que - como o Cristo - é duvidoso pretender que o Anjo Guardião se compare com o Sol, nem resida dentro da Esfera Solar.
Há mais influências Gnósticas ao longo do Abramelin. Por exemplo, o texto fala de ganhar "Conhecimento" (gnosis) do Anjo como também a Conversação - insinuando um matrimônio espiritual entre o aspirante e o Anjo Guardião em lugar de uma cerimônia de simples evocação. Podem até mesmo serem encontrados aspectos do procedimento de magia usados durante os sete dias no Papiro Mágico grego - embora este é sem dúvidas um grimório. Infelizmente, o curto espaço me proíbe de explorar este assunto mais extensamente.
Antes de irmos além neste assunto, eu gostaria de chamar sua atenção à uma pedra preciosa filosófica escondida na descrição de Agrippa do Anjo Guardião. O capítulo sobre o tema em seu livro Filosofia Oculta (Livro III, Ch. 22) é intitulado "Que há Guardião Tríplice do Homem..." O texto procede, como vimos nós, a descrever o três Daemons Angelicais como entidades separadas. Ainda, eu acho isto interessante que o título do capítulo não faz nenhuma referência para os "... Três Guardiões do Homem." Ao invés disso, nós temos o que parece ser uma referência para um único - contudo tríplice - entidade. A fidelidade de Agrippa dada ao simbolismo da Santíssima Trindade ao longo dos Três Livros, parece ser uma interpretação provável da intenção de Agrippa. De repente, nosso Três Daemons se tornam três faces diferentes de um único Santo Anjo Guardião.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

“Esquadro”

Qual o significado do instrumento “Esquadro” na Maçonaria?



O “Esquadro”, além de ser a Jóia do Venerável Mestre, é a segunda das “Três Grandes Luzes” que iluminam as Lojas. O primeiro é o “Livro da Lei”, e a terceira, o “Compasso”. Ele se associa com este último, suas partes entrecruzadas ou sobrepostas com as pernas do Compasso de maneira variável de acordo com o grau Simbólico em que funciona a Loja e com o Rito.



Simboliza a retidão moral, razão pela qual as suas partes são rígidas – daí a expressão “viver de acordo com o Esquadro”.



Vejam abaixo o que nos diz o Mestre Allec Mellor:



“várias tumbas de arquitetos da idade Média representam o Esquadro e o Compasso associados, mas com um significado puramente operativo. É o caso de se perguntar, contudo, se um significado mais esotérico já não aparecia no célebre esquadro de metal descoberto na ponte de Limerick (Baal's Bridge) na Irlanda, quando de sua reconstrução. Essa peça curiosa representa a data de 1517 e as seguintes palavras: “esforçar-me-ei para viver no amor e na solicitude. Na retidão, de acordo com o esquadro”.



Nada permite afirmar que se trata de uma falsificação. Admitindo-se, contudo, que a data de 1517 seja autentica, é excepcional encontrar o simbolismo do Esquadro num sentido tão inusitado na época. Apesar que, fora da Maçonaria, encontra-se esse Símbolo em outros simbolismos, inclusive na filosofia chinesa, com a mesma significação.



M.’.I.’. Alfério Di Giaimo Neto


ACB

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O Anjo Guardião, De Protetor de Deus à Gênio






Há menções de “Espíritos Guardiões" na história escrita desde a antiga Babilônia. Há selos reais Sumerianos que descrevem os reis nos braços seguros dos Deuses protetores. Na realidade, é provavelmente na Mesopotâmia que nossos conceitos modernos sobre os Sagrados Anjos Guardiões nasceram. Porém, o Espírito Guardião não é sem igual em Meio às civilizações agrícolas Orientais. Na realidade, uma exploração global de culturas xamânicas tribais revela que a idéia do Espírito Guardião pode ser uma das idéias religiosas mais antigas do planeta.
Em “Xamanismo, Técnicas Arcaicas de Êxtase”, o Professor Elíade sugere que todas as categorias de Xamãs possuem os espíritos auxiliares (familiar) e tutelares (o guardião). Os espíritos auxiliares são criaturas normalmente elementais, ao comando direto do Xamã. Por outro lado, os Guardiões tendem a ser espíritos celestiais, e muito freqüentemente os Mensageiros do Pai Celestial.
Em alguns casos, estes espíritos tutelares são vistos como femininos (ou masculinos no caso de Xamãs femininos) - e o Xamã se casa literalmente com este espírito durante a sua iniciação. Posteriormente, é pelo seu novo cônjuge celestial que o Xamã operará os milagres para o resto da tribo. Ela - e não outro Xamã - lhe ensinará os segredos de magia e cura, e Ela lhe proporcionará espíritos familiares. (Uma dinâmica que não mudou no Livro de Abramelin.)
Não é esta entidade só um companheiro e professor para o Xamã, mas também um protetor. È por causa do Guardião que o Xamã é lançado e provado, e porque os seus ofícios têm êxito. Quando o Xamã ascender os céus durante os transes extáticos, é o Guardião dele ou Esposa Espiritual que o levará no alto e mostrará a ele o redor. E mais importante, é Ela que reivindicará a alma dele na hora do seu transcurso, para levar sua casa às estrelas. Por estas razões, é imperativo para desenvolver uma real relação de funcionamento com o Guardião, seguir as instruções de estilo de vida ditadas por ele.
Isso nos traz de volta, a título de exemplo, ao assunto da cerimônia de Oxá da Santeria - pela qual um Sacerdote de Santo aspirador é hipotecado com o Orixá dele. Oxá é uma justa representação de iniciações Xamânicas antigas. Consiste numa cerimônia de sete dias envolvendo a consagração do novo sacerdote e tendo o Orixá "colocado na sua cabeça". Este conceito posterior é muito significativo. Elíade menciona isto em relação a espíritos auxiliares - onde o Xamã recebe um "espírito de cabeça" cuja função é protege-lo durante viagens de êxtase. (Nisto nós podemos ver uma relação entre o "espírito de cabeça" e a inteligência humana - especialmente as faculdades relacionadas à sonhos, visão, e criatividade).
Acredita-se que o Orixá entra no crânio do aspirante literalmente durante o Oxá, - um matrimônio físico que faz o celestial e o ser humano unos. (O aspirante tem que raspar até mesmo a cabeça para sofrer o processo - de forma que o cabelo não impeça a entrada do Orixá.) Posteriormente, exausto do Rito, o Orixá entra numa fase de hibernação. Durante um ano inteiro, o aspirante tem que usar branco e nunca deverá se aventurar fora na escuridão. Ele tem que viver uma vida monástica, de pureza até, depois que este ano se complete, são feitos sacrifícios completos, adicionais e cerimônias para despertar o Orixá e estabelecer o novo Santo.
Compare isto ao Rito de Abramelin descrito acima – que simplesmente coloca o período de purificação antes da cerimônia de sete dias. Na versão de Mathers, o aspirante tem somente que suportar seis meses de tal isolamento e trabalho ritual. Ainda, no original alemão parece se preservar um ano pleno e um meio ano - fazendo isto até mais próximo em espírito com o processo de Oxá de um ano. Nem sequer o aspecto de pôr o Guardião à cabeça não está perdido no Abramelin - porque o aspirante, durante a "convocação dos espíritos bons", deve se deitar com a cabeça ao pé do Altar durante um período muito longo de tempo. Este Altar é onde a Presença do Anjo foi extraída nos meses anteriores, e a postura de morte-ritual levada neste momento, sugere que o Anjo está passando à cabeça/intelecto do aspirante.
Voltando à Era Agrícola e o Oriente-Médio, nós vemos uma evolução adicional da idéia de Espírito Guardião. Enquanto o Xamã tribal era exclusivo na sua habilidade para casar com Anjos Celestiais, o Sumerianos antigos (e possivelmente os egípcios) desenvolveram a idéia que todo o mundo tem um Protetor pessoal que pode ser atraído em tempos de necessidade. (Isto é provavelmente devido ao avanço da astrologia – que dá a cada um seu mapa natal, e suas próprias Divindades regentes.)
Chris Bennet tem uma boa argumentação do Deus Pessoal na composição intitulada “Quando Fumaça Entrar no Meu eu” (e várias outras composições próximas relacionadas). Ele descreve o Protetor como um tipo de personificação do intelecto de uma pessoa - ou a capacidade de pensar e agir. Especificamente, ele supõe aquele contato primordial do gênero humano com a Divindade veio por drogas psicoativas que enlaçaram nossas faculdades de pensamento mais elevadas. (Consciência, intelecto, imaginação). Realmente é muito comum para os visionários e os psiconautas - usando substâncias químicas criadas em laboratório modernos – para estabelecer contatos com entidades aparentemente objetivas durante suas viagens. Freqüentemente estas entidades se introduzem como os protetores e auxiliares, ou pelo menos os seres com algum interesse no bem-estar da humanidade.
É duvidoso que os Xamãs tribais ou os Sumerianos antigos tenham visto as Deidades Protetoras como "personificações" de qualquer coisa excluídas as forças cruas da natureza. E mais. A idéia começou a formular nas mentes de filósofos gregos posteriores como Platão. Em “A República”, Platão relaciona de forma bastante detalhada da função servida pela Deidade:
Ao se preparar para a reencarnação, cada alma deve aproximar-se da Rosa Giratória da Deusa do Destino (Lachesis, Clotho e Atropos). Na visão de Platão, a Roda de Destino é composta do Zodíaco como sua roda exterior, e as Esferas Planetárias como seus raios internos. Então, os Destinos que giram, médem, e corte as linhas da vida nesta Roda estão diretamente preocupadas com as influências das estrelas em cada indivíduo. Em primeiro lugar, a alma tem que chegar a Lachesis que dará a ele uma Deidade Pessoal escolhida para ser seu guia e protetor durante a próxima vida. Esta Deidade, então, conduzirá a alma a Clotho (Zodíaco) e Atropos (Planetas) - que estabelecerão cada um o destino do indivíduo. Durante a encarnação física da alma, a Deidade está calada e invisível na maioria dos humanos. Porém, um seleto grupo de poucos (como Sócrates) possuiu a habilidade para comungar e conversar com sua própria Deidade pessoal.
Claro que, Platão quis dizer tudo isto alegoricamente. Ele recorre à Deidade Pessoal como o "Daemon" que também poderia ser traduzido por "Inteligência" ou "Gênio". Todos estes são condições que indicam a consciência humana - algo que preocupou homens como Platão e Plotinus. Como nós vimos acima, estes homens viram o Gênio como diretor e manifestador das forças astrológicas do horóscopo natal da pessoa. O horóscopo, em troca, foi visto como um indicador do destino e da personalidade do indivíduo. Assim, o Gênio era a incorporação deste destino e personalidade - o Destino da pessoa.
Pelo tempo nós alcançamos o Neoplatonismo da era medieval, e textos Herméticos como os Três Livros de Filosofia Oculta de Agrippa, nós começamos a ver um conceito altamente refinado do Gênio Guardião. Agrippa entra em detalhes no conceito no Livro III, capítulos 20-22. Ele descreve o Gênio como nós vimos na República de Platão, e recorre a isto como o "Espírito da Natividade”. Ele "desce" da disposição do mundo, e dos circuitos das estrelas que eram poderosos na natividade da pessoa. Agrippa discute a seguir a necessidade de procurar o Gênio da pessoa pela astrologia, e fazendo todo o possível para fazer a vida da pessoa consoante com sua natureza. Ele dá instruções detalhadas até mesmo para achar o nome deste Anjo usando o próprio mapa natal da pessoa.
Porém, Agrippa também escolheu apresentar uma entidade mais elaborada que a descrita por Platão. Mantendo o simbolismo tríplice usado ao longo dos Três Livros, ele postula que há Guardião Tríplice do Homem”. O Gênio da Natividade é somente um dos três Anjos nomeados para guiar e regular a vida de todos os humanos. O Anjo da Natividade é o guardião secundário, seguido pelo "Anjo da Profissão". Este Anjo posterior muda cada vez que você muda de profissão. A carreira da pessoa avançará se o Anjo da Profissão está em concordância com o Gênio, e tropeçará se o Anjo da Profissão estiver em conflito com o Gênio.
Porém, Agrippa leva uma vantagem em tudo isso ao descrever o primeiro (e presumivelmente mais elevado), o Guardião da Alma:
O Santo Daemon é único, de acordo com a doutrina dos egípcios, nomeado à alma racional, não das estrelas ou planetas, mas de uma causa sobrenatural, do próprio Deus, o presidente dos Daemons, sendo universal, acima da natureza.
O restante da descrição do Santo Daemon ajusta bem o bastante com as idéias de Platão. Dirige e guia a vida da alma, e freqüentemente segue inadvertido pelo humano que protege. Pode ser contatado por purificação e vida monástica (me lembra aqui os seis meses descritos no Abramelin). Sócrates é mencionado até mesmo como um exemplo de alguém que realizou tal feito.
O ponto principal de Agrippa vem da sugestão que o Santo Daemon não é definido pelas estrelas e planetas, mas é realmente acima da natureza (significando sobre a esfera zodiacal) - diretamente com Deus. Também é interessante salientar que Agrippa reivindica uma origem egípcia para o seu conceito de Santo Daemon, enquanto o Gênio baseado-em-horóscopo habitualmente se localiza entre Grécia antiga e a Babilônia. Seria uma indicação de que a idéia inteira é forjada?
A reivindicação de Agrippa de uma origem egípcia para o Santo Daemon se mostra verdadeira. Porém, nossa exploração não nos leva de volta aos Pais de Osíris e os construtores de Pirâmides dos Faraós. Ao invés disso, nos puxa para o Egito em sua Helenização pelo Império grego, sob a administração de Ptolomeu e seus descendentes. E é aqui que encontramos aquele idioma curioso conhecido como "cóptico" - que simplesmente é uma mesclagem da língua egípcia falada com os caracteres escritos do alfabeto grego. É aqui que nós encontramos o famoso "Papiro Mágico Grego” - que formou a base do que seria chamado de Magia Gnóstica depois.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa

Os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, comumente conhecidos como Chevaliers Bienfaisant de la Cité Saint (CBCS), se constituíram depois de uma Convenção celebrada em Wilhelmsbad em 1782 e é a ordem maçônica mais antiga conectada com a franco-maçonaria que teve uma existência contínua. Deriva-se do Rito de Estrita Observância de 1754 da qual fez parte Jean Batiste Willermoz um dos mais importantes discípulos de Dom Martinez de Pasqually ( fundador do Rito de Ellus Cohem), juntamente com o Conde Louis Claude de Saint Martin. Esta fundação se atribuiu ao Barão von Hund que propunha a teoria de que a franco-maçonaria se desenvolvesse diretamente dos Cruzados Templários, incluindo a crença segundo a qual a Ordem foi governada pelos "Superiores Desconhecidos" ou "Superiores Incógnitos".

Naquela época houve muitas Provincias esparzidas por toda a Europa, mas lentamente, durante 28 anos, a influência da Estrita Observância terminou e foi reconstruída para transformar-se no Regime Escocês Retificado (RER). Os graus da Ordem (não trabalhados ao completo por todos os Prioratos) são praticamente na Loja de São André e na Ordem Interior, operando sob a autorização do Grande Priorato de Helvetia. Os graus do Regime se estruturam como segue:

Conferidos em uma Loja Simbólica:

1. Aprendiz Entrado
2. Companheiro da Arte
3. Mestre Maçom

Conferidos em um Grande Priorato:

4. Cavaleiro de São André
5. Escudeiro Noviço
6. Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa ( CBCS)

Além de Suíça, existem atualmente outros seis Grandes Prioratos no mundo, situados em: Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha, Portugal e Bélgica . Na Inglaterra o RER é controlado pelo Grande Priorato das Ordens Unidas, Militares, Religiosas e Maçônicas do Templo, etc., mas pouco se conhece do número de membros.

Já operativo em nosso pais, a bem da verdade, após várias tentativas frustradas de implantação, o Regime Escocês Retificado, ou simplesmente o Regime Retificado conta com várias Oficinas Simbólicas e Filosóficas reconhecidas pelas maiores Potencias Maçônicas Nacionais. Com data de fundação já agendada para Setembro de 2008, o Brasileiro será o Sétimo Grande Priorado mundial.


GRAUS

O grau de São André é conferido a Mestres Maçons de qualquer Rito Maçônico Reconhecido, entretanto, apesar do nome "Regime Escocês Retificado" não tem nenhuma conexão com Escócia.

Mestre Escocês de São André:
Este grau faz referência à tradição divina do Templo de Salomão e a presença permanente da Santa Shekinah. Também se deduz que enquanto o primeiro Templo foi destruído, dentro das ruínas permanecia o sagrado conhecimento do Deus de Israel. Os Graus seguintes são secretos e somente conferido aos reconhecidamente merecedores, não sendo transmitido por interstício automático ou com o cumprimento de obrigações meramente burocráticas ou acadêmicas.

Escudeiro Noviço:

O grau, que é de Cavaleiro, se outorga em uma Comandância. Conta uma lenda do princípio da era Cristã, na qual os sábios moradores da Cidade Santa foram convertidos ao Cristianismo por São Marcos. O trabalho secreto de iniciação requer que sua doutrina tradicionalmente se transmita de forma oral, culminando nos Cavaleiros Templários, que se supõe foram os últimos custódios deste conhecimento divino.

Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa ( CBCS)

Este é o Grau Final do Regime Retificado e reúne a principio somente Mestres Maçons Instalados (M.: I.:) que tenham sido anteriormente recebidos nos graus anteriores do RER. O Grau de CBCS se revela ao Noviço no zênite da antiga civilização egípcia, onde um dogma religioso existiu e era idêntico ao da Cristandade. Explicando-se que a Cavalaria da Cidade Santa se manifestou em bons trabalhos que são o caminho perfeito ao Criador e pela difusão dos mesmos, assegurando a grande bondade à família humana e a última conquista do verdadeiro esclarecimento.

Qualificação

O número de membros de uma Loja ou de um Priorado está estritamente limitado e a prerrogativa de convite e se encontra firmemente em mãos da hierarquia. O RER historicamente optou pela qualidade e não quantidade de obreiros, tanto é assim que a fraternidade raramente é citada como um Rito numeroso ou com um grande numero de oficinas simbólicas ou filosóficas. Com características e filosofia fortemente enraizadas no Cristianismo, esta é uma das poucas exigências que se faz ao candidato, além é claro daquelas relacionadas com o desejo e aptidão para o trabalho espiritual e esotérico.

Para a Fraternidade Martinista (independente de Ordem ou Potencia) o crescimento do Martinezismo no Brasil com a fundação do Priorado Brasileiro é o final reconhecimento da importância que o nosso Pais tem na manutenção e na continuidade dos sonhos dos Fundadores da Ordem Martinista Original no inicio do século passado, que tanto lutaram para manter e estabelecer vínculos com a Ordem Maçônica e os laços filosóficos que nos unem, desde Dom Martinez de Pasqually e a Ordem Maçônica dos Ellus Cohem do Universo até os dias de hoje.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Resumo do Templo - análise templária

Dar fruto em abundância


Tenho de advertir cada um de vós a respeito da sua vinha; com efeito, quem de vós cortou já em si mesmo tudo o que é supérfluo, a ponto de poder pensar que nada mais tem de cortar? Crede no que vos digo: aquilo que é cortado renasce, os vícios combatidos regressam, e vemos despertar as tendências adormecidas. Não basta, pois, aparar a vinha uma vez, temos de voltar muitas vezes à mesma tarefa, se possível a toda a hora. Porque, se formos sinceros, encontramos constantemente em nós coisas a cortar. […] A virtude não consegue crescer entre os vícios; para que ela possa desenvolver-se, temos de os impedir de aumentar. Suprimi, pois, o supérfluo, e o necessário poderá então surgir.


Para nós, irmãos, continua a ser época de cortar, uma época que se impõe em permanência. Com efeito, estou certo de que já saímos do Inverno, desse temor sem amor que a todos nos introduz na sabedoria, mas que a ninguém faz desabrochar na perfeição. Quando surge, o amor expulsa esse temor como o Verão expulsa o Inverno. […] Cessem, pois, as chuvas do Inverno, quer dizer, as lágrimas de angústia suscitadas pela recordação dos vossos pecados e pelo temor do julgamento. […] Se «o Inverno passou», se «a chuva cessou» (Ct 2, 11) […], a doçura primaveril da graça espiritual indica-nos que chegou o momento de podarmos a nossa vinha. Que nos resta fazer, senão empenharmo-nos por completo nessa tarefa?


Por São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja

Sermão 58 sobre o Cântico dos Cânticos



Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão


A ordem foi fundada em Jerusalém, no ano de 1119. Seu propósito era dar proteção aos peregrinos cristãos na Terra Santa. A cidade tinha sido conquistada pelos cruzados em 1099, mas chegar até lá continuava sendo um problemão. Ela era praticamente uma ilha, cercada de muçulmanos por todos os lados. A solução, proposta pelo cavaleiro francês Hugo de Payns, agradou ao rei de Jerusalém, Balduíno 2º: criar uma força militar subordinada à Igreja. A idéia era inédita. Até então, existiam monges de um lado e cavaleiros de outro.


“Payns inventou uma nova figura, a do monge-cavaleiro”, diz Marion Melville, autora de La Vida Secreta de los Templarios (sem tradução para português). O exército seria formado por frades bons de espada, que fariam, além dos votos de pobreza, castidade e obediência, um quarto juramento: o de defender os lugares sagrados da cristandade e, se necessário, liquidar os infiéis. Balduíno alojou-os no local onde outrora fora construído o mítico Templo de Salomão. Daí o nome do grupo: templários.


Em 1129, a ordem recebeu aprovação do papa no Concílio de Troyes. Em 1139, veio a consagração definitiva: uma nova bula papal isentava os templários da obediência às leis locais. Eles ficariam submetidos, dali em diante, somente ao sumo pontífice. “Apesar da bravura reconhecida, os templários muitas vezes foram censurados por seu orgulho e arrogância”, afirma o historiador francês Alain Demurger no livro Os Templários: Uma Cavalaria Cristã na Idade Média.


Os Cavaleiros do Templo, também, eram proibidos de se confessar a outros que não fossem os capelães templários. Igualmente, o livro da Regra – que tinha sido escrita por ninguém menos que São Bernardo de Claraval.


Mitos e lendas: As histórias mais fantásticas envolvendo os templários


SANTO GRAAL


A Ordem do Templo teria sido fundada pelo Priorado do Sião e guardou o segredo da filha bastarda de Jesus Cristo. “Isso é uma invenção do anti-semita Pierre Plantard, em 1956”, afirma o historiador italiano Massimo Introvigne.


ARCA PERDIDA


Os templários supostamente escavaram o Templo de Salomão e encontraram a Arca da Aliança. E ainda teriam descoberto os segredos dos primeiros maçons. “É tudo fantasia”, garante o especialista Alain Demurger.


TESOUROS DO TEMPLO


O Manuscrito Copper, encontrado na região do mar Morto, revelaria a localização dos tesouros do Templo de Salomão e teria sido descoberto pelos templários. “É lenda”, diz o historiador Kenneth Zuckerman.


Para saber mais


• Os Templários: Uma Cavalaria Cristã na Idade Média

Alain Demurger, Difel, 2007.


• Templários: Os Cavaleiros de Deus

Edward Burman, Nova Era, 1997.


Por dentro da ordem do templo


QUEM ERA QUEM


Os homens que defenderam Jerusalém em nome de Cristo.


Pader


Os membros combatentes da ordem, apesar de sua formação de monge, eram quase sempre analfabetos e com pouco conhecimento de teologia ou das Escrituras. Por isso, as missas, confissões e outras cerimônias religiosas eram presididas por padres que viviam nos estabelecimentos templários.


Cavaleiro


Geralmente de origem nobre, era o membro da ordem por excelência: tanto um guerreiro experiente, treinado para combater a cavalo com armadura pesada, quanto um monge ordenado, com votos de pobreza, obediência e castidade. Os cavaleiros templários nunca foram mais do que 10% dos integrantes.


Soldado


Os templários também recrutavam soldados leigos, que não eram monges e, na Terra Santa, podiam até ser cristãos de origem síria. Nenhum deles era obrigado a seguir os votos de castidade dos cavaleiros – alguns, inclusive, eram casados. Havia também irmãos leigos que realizavam tarefas domésticas.


ENTRE O BEM E O MAL


A história dos templários está associada a santos e demônios.


SANTO


São Bernardo foi o melhor amigo dos templários. Afinal, nos primórdios da ordem, eram muitos os que achavam que matar infiéis não era algo muito cristão. Ao publicar a defesa doutrinal do grupo, em 1135, Bernardo convenceu a todos da necessidade de fazer justiça pela espada. Sobrinho de um membro da ordem, foi cavaleiro antes de seguir carreira religiosa. Morreu em 1153 e virou santo 20 anos mais tarde.


DEMÔNIO


Um dos símbolos mais enigmáticos associados aos templários é o de Baphomet. “O nome vem de Maomé”, diz o historiador Malcolm Barber. Seria a encarnação do Diabo. Para outros estudiosos, contudo, representaria os santos dos primórdios da Igreja. Na Idade Média, prevaleceu a versão mais sinistra. Os templários empregariam a figura em seus ritos. Mas tudo não passa de uma lenda, jamais comprovada.


INFÂMIA SECULAR


A insígnia da Ordem do Templo – dois cavaleiros dividindo a mesma sela – acabou sendo usada para difamar os templários, acusados de homossexualidade e outras práticas mundanas nos anos finais da cavalaria. Na verdade, o emblema simbolizava humildade: a pobreza não permitiria uma montaria para cada cavaleiro.
por Luiz Couri

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