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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fundamentalismo secular...

Fundamentalismo secular:

Breve resposta a três ateístas militantes.*

 

 

 

Fala-se muito hoje em dia, e com razão, de fundamentalismo religioso. Mas a última coisa que o mundo precisa é da “reação” de algo como um fundamentalismo anti-religioso. Pois infelizmente é justamente este tipo de nova intolerância que alguns polemistas estão propondo. Ideias têm consequências. É a primeira coisa que um intelectual deveria saber. Não parece ser o caso de polemistas e cientistas como Christopher Hitchens, Richard Dawkins e Sam Harris. Estes autores, extrapolando claramente os limites da ciência, estão defendendo abertamente a “erradicação” das tradições religiosas da humanidade. Na opinião deles, elas são irracionais, não trouxeram nada positivo, são marcadas por debilidade intelectual e, ademais, constituem um perigo para nossa sobrevivência.



     Nada de positivo?

 

     Mas o que dizer então da catedral de Chartres, do Taj Mahal e da Alhambra? E da sabedoria perene de Lao Tsé, Shânkara, Santo Agostinho, Ibn Arabi, Ralph Waldo Emerson? Estes monumentos, arquitetônicos e intelectuais, são manifestações diretas de um espírito religioso que nunca cessou de existir entre os mais diferentes povos.

 

     Lembremos também que a presença da religião se estende até aspectos mais mundanos e prosaicos, como, por exemplo, a cultura do vinho e a da cerveja, implementadas na Europa pelos monges. Sem esquecer as universidades e os hospitais criados pela Igreja. Nem tampouco as cidades que devem todo seu encanto ao espírito -- Istambul, Fez, Cairo, Varanasi, Kioto, Jerusalém, Siena, Toledo, Ávila e tantas outras.

 

Debilidade intelectual?

 

Em sua “cruzada cienticista”, estes justiceiros de avental branco nunca ouviram falar do Bhagavad-Gita, do I-Ching, do Sermão da Montanha? Dante e a Divina Comédia não significam nada para os novos inquisidores?

 

Irracionalidade?

 

Como explicam então o gênio de Pascal e do Padre Vieira? E Shakespeare, Calderón, Rûmi, Guimarães Rosa?

 

A música de Bach, Mozart e o canto gregoriano, um perigo para nossa sobrevivência? Tanto quanto a dança indiana e o giro extático dos dervixes?

Salomão tinha razão quando disse, há três mil anos, que nada há de realmente novo sob o Sol. Estes cientistas e polemistas crêem estar propondo algo original, mas não dizem nada de essencialmente diferente dos ateístas da Grécia, Índia e outras paragens de outrora. Repetem o discurso dos sofistas de 2.500 anos atrás. Freud e Marx também já haviam tentado "erradicar" a religião com uma "canetada". Esquecem que não há civilização, em toda a longa história humana, que não tenha tido a sua religião. "Não há cultura sem culto", disse T.S. Eliot. O que há de "inovador" na proposta atual é a falta de imaginação e uma arrogância bem "moderna".

 

Estes autores extrapolam, ademais, o campo de ação próprio da ciência, tornando-a na prática uma pseudo-religião – a sua anti-religião transforma-se numa nova "religião", ainda mais intolerante do que a que pretendem combater.

"Quando o dedo aponta para a Lua, os tolos olham para o dedo", diz um provérbio Zen. Que mundo absolutamente sem graça e sem sal este para o qual Dawkins, Hitchens e camaradas olham! Sem a sabedoria de Confúcio, a presença espiritual e o exemplo de desapego dos  santos, as pinturas de Fra Angelico, os templos e a música da Índia. Um mundo sem perfume, sem beleza, sem virtude. Mais importante ainda, sem propósito e sem sentido. Pelo visto, estes homens passaram tempo demasiado num laboratório e não atentaram para o fato de que muito do bem que ainda temos deriva da sabedoria transmitida pela religião. Não daquela superficialmente e fanaticamente entendida, é claro, mas da religião da Verdade, do Bem e do Belo de que falava Platão.

 

Corruptio optimi pessima, a corrupção do melhor é o pior tipo de corrupção. Isso se aplica à chamada "direita religiosa", especialmente nos EUA, com suas superficialidades, sua auto-complacência e seus graves erros políticos. Mas os cientistas de que falamos não estão criticando a direita religiosa, eles estão querendo o fim da religião em si!

 

Finalmente, há que responder a seus pseudo-argumentos dizendo que as grandes desgraças do século XX não foram causadas pela religião. Nem a 1ª nem a 2ª Guerras Mundiais tiveram qualquer relação com qualquer religião. O nazismo e o stalinismo foram visceralmente anti-religiosos. O presidente Truman mandou jogar bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; o que a religião tem a ver com isso? Pelo contrário, foram os "fanáticos fundamentalistas" da ciência e da tecnologia que as produziram e as lançaram.

 

Em suma, esses oportunistas escamoteiam que nenhuma de nossas tragédias recentes teve motivação religiosa. As "bombas inteligentes" e os "ataques cirúrgicos" foram criados e fabricados pelos camaradas de Dawkins. As modernas ditaduras, "racionais e científicas", violentamente anti-religiosas, perseguiram e torturaram milhões de cristãos, judeus e muçulmanos nos tempos da União Soviética e milhões de budistas, taoístas e confucionistas na época da "Revolução Cultural" – os piores papas, reis e califas da história foram apenas meninos travessos se comparados a esses corifeus das destruições em massa.

 

Será que Jesus, o Buda e Maomé, todos fundadores de religiões, não sabiam o que faziam? Essa panela de fundamentalistas da ciência é mais sábia do que eles? A perversão e a depravação humanas, como Frithjof Schuon e Wiliam Stoddart têm explicado em seus livros, são o bastante para explicar nossas misérias. E se as religiões não são totalmente inocentes -- "Por que me chamais bom? Só Deus é bom", disse o Cristo --, é graças a elas, com seus exemplos de sabedoria, amor e compaixão, que as coisas não estão muito piores...

 

 

Por Mateus Soares de Azevedo

 

 

 

* Texto originalmente publicado como capítulo do livro Homens de um Livro Só (Best Seller, 2008).

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