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domingo, 8 de abril de 2012
Vedanta e suas interpretações...
Advaita Vedanta.
Essa interpretação foi proposta pelo sábio Adi Shankara e seu Guru Gaudapada.
De acordo com essa escola de Vedanta, Brahman é a única realidade e o mundo, como ele nos aparece, é ilusório. Essa linha de pensamento deu origem ao conceito de Ajativada ou não-criação.
É pela ação de um poder ilusório de Brahman, chamado Maya, que o mundo surge.
Ela afirma que a causa de todo o sofrimento existente no mundo é o esquecimento, através da ignorância, da Realidade Última, Brahman. Sendo assim, apenas o conhecimento de Brahman pode nos trazer a liberação.
Essa filosofia nos explica que, quando tentamos compreender Brahman através da mente, ele (Brahman) aparece a nós como Ishvara (o Senhor, Deus no sentido de Criador, o Pai), separado da criação e dos indivíduos. No entanto, os proponentes da filosofia nos dizem que, em verdade, não há diferença entre a alma individual (muitas vezes chamada de Atman) e Brahman.
A emancipação ou liberação estaria no conhecimento dessa não-dualidade (advaita). Assim, o caminho final rumo à liberação só poderia ser conquistador através de Jñana ou sabedoria.
Vishishtadvaita
Essa subescola foi proposta pelo sábio Ramanuja e tem como principal ensinamento a idéia de que a alma individual, o Atman é uma parte de Brahman, ou a Alma Cósmica. Assim, mesmo sendo similares, ambas não são idênticas.
Enquanto a Advaita Vedanta nega qualquer tipo de atributo à Brahman, essa escola prega a existência de atributos em relação à Brahman, como por exemplo o conceito de almas individuais e o do mundo fenomênico.
Portanto, para a Vishishtadvaita, Brahman, as almas individuais e a material são coisas distintas.
Enquanto a Advaita Vedanta prega a Jñana Yoga como caminho para a liberação, essa escola propõe o caminho de Bhakti ou devoção a Deus como forma de liberação. Na maioria das vezes (mas não em todas, importante frisar) a devoção é direcionada ao segundo aspecto da trindade hindu, chamada Vishnu, e a seus avatares ou encarnações.
Dvaita
O pensamento Dvaita foi proposto por Madhva e relaciona Deus à Brahman e este a Vishnu, mais precisamente na figura de Krishna, que segundo a tradição, é a oitava encarnação de Vishnu.
Para o pensamento Dvaita, Brahman, todas as almas individuais (jivatman) e a matéria são ambos eternos e ao mesmo tempo entidades separadas.
Um aspecto muito interessante dessa filosofia é a negação da existência de Maya (no sentido de não-existência, ilusão), apesar de o próprio Krishna, no Baghavad Gita, pregar a existência dela.
Essa sub-escola também prega o caminho de Bhakti como sendo a senda para a liberação.
Ao contrário do que vemos na escola Advaita, aqui se sutenta que a diferença está na natureza da substância (composta pelos gunas). Por causa disso, muitos chamam essa escola de Tattvavâda.
Segundo essa sub-escola, existem cinco diferenças, a saber:
Entre Brahman e a alma individual
Enrte cada alma individual
Entre Brahman e a matéria (prakriti)
Entre a alma individual e a matéria
Entre os fenômenos materiais (matéria x matéria)
Outro aspecto importante dessa filosofia é a sua visão sobre o sistema de castas exposto nos Vedas.
Segundo o Dvaita, as castas não são determinadas pelo nascimento e sim pela tendência da alma.
Um brâmane pode nascer na casta dos párias e vice-versa.Em verdade, o sistema de Varna ou castas é determinado pela natureza da alma, e não pelo nascimento.
Hoje o sistema se encontra deturpado e mantido apenas por questões discriminatórias.
Dvaitādvaita
Escola propostas pelo sábio Nimbarka, que viveu por volta do século 13 D.C.. Ele usou como base os ensinamentos de uma escola anterior chamada Bhedābheda, que era ensinada pelo sábio Bhāskara.
Essa filosofia prega que a alma individual (jivatman) é, ao mesmo tempo, igual e diferente de Brahman.
Essa escola também vê em Krishna a personificação de Deus.
A Dvaitādvaita vê a alma individual como sendo naturalmente Consciência (jñana-svarupa), sendo apta a conhecer sem a ajuda dos sentidos corporais.
Como métodos para se atingir a liberação, a escola propõe quatro sadhanas ou disciplinas:
Karma- ação. - Quando feito conscientemente e com o espírito adequado, de acordo com seu contexto de vida, traz o conhecimento que conduz à salvação.
Vidya- conhecimento.
Upasana ou dhyana – meditação
Ela é de três tipos: A primeira é a meditação na igualdade entre Brahman e a alma individual (dos seres animados). O Segundo tipo é a meditação em Brahman como sendo o controlador interior de todos os objetos não sencientes. A terceira é a meditação em Brahman como sendo diferente dos seres animados e dos objetos inanimados.
Gurupasatti - Devoção e auto-entrega ao guru (mestre spiritual).
Shuddhadvaita
Shuddhadvaita foi proposta por Vallabha (1479-1531).
É um sistema que enfatiza a prática de Bhakti como o único meio para a libertação.
Vallabha pregava que esse mundo era um “passatempo” (leela) de Krishna e que ele (Krishna) é Sat-Chit-Ananda.
Achintya Bhedābheda
Essa sub-escola foi proposta por Chaitanya Mahaprabhu (1486-1534).
Sua doutrina também prega devoção a Krishna e se baseia em uma tradição antiguíssima, que foi transmitida através de uma linhagem de gurus, cujo primeiro teria sido o próprio Krishna.
Purnadvaita ou Integral Advaita
Foi proposta por Sri Aurobindo, grande sábio do século XX.Ele sintetizou todos os ensinamentos das escolas de Vedanta e nos forneceu uma compreensiva integração desses conceitos da filosofia oriental com a ciência moderna.
Vedanta moderna ou Neovedanta
Esse nome é dado a interpretação dada a Advaita Vedanta pelo renomado yogue Swami Vivekananda, discípulo de Sri Ramakrishna Paramahansa.
Sua interpretação nos diz:
Por mais que Brahman seja a Realidade Absoluta, o mundo possui uma realidade relativa. Sendo assim, o mundo não deve ser completamente ignorado. Condições limitantes como a pobreza deve ser removida; somente assim as pessoas serão capazes de voltar à mente na busca e compreensão de Brahman.
Todas as religiões buscam o mesmo objetivo: A Realidade Absoluta. Logo, discussões sectárias devem ser abandonadas e a tolerância religiosa deve ser praticada – seja entre hindus de diferentes denominações, seja entre cristãos, muçulmanos, judeus ou budistas (dentre outras religiões).
Swami Vivekananda foi o primeiro yogue a vir para o ocidente. No ano de 1893 ele participou do Parlamento Mundial das Religiões, em Chicago, EUA.
Desde então se tornou figura de grande influência tanto no oriente como no ocidente.
Vivekananda nos mostrou que a Vedanta não era algo seco e meramente esotérico, mas sim algo vivo e presente em nosso dia-a-dia.
Em sua interpretação da Advaita Vedanta, aceitava o principio de Bhakti (devoção), recomendando primeiro a meditação em Brahman como sendo possuidor de atributos, seja na figura de um guru ou na personificação de sua deidade pessoal.
Só depois de longa prática e entendimento e que recomendava a meditação em Brahman sem atributos.
Swami Vivekananda ainda apresentou ao ocidente os diferentes caminhos, ou yogas (Jnana, Karma, Bhakti, Raja).
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