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"Gloria in Excelsis in Deo Et in Terra Pax Hominibus Bonae Voluntatis"

terça-feira, 4 de junho de 2013

A plumada, imagem do equilibrio e da verticalidade



Perto das catedrais em construção se encontravam as oficinas ou lojas, nas quais se traçavam e desenhavam os planos, se repartiam as obrigações, se falava dos detalhes da obra, e se celebravam os ritos e cerimônias de iniciação. Estas oficinas eram autênticos centros de ensino tradicional onde, além das técnicas do ofício, se transmitiam os conhecimentos cosmogônicos. Realmente, nas oficinas maçônicas se conjugavam a arte e a ciência, a prática e a teoria, seguindo assim o famoso adágio escolástico segundo o qual a "ciência sem arte não é nada". Cada Loja ou oficina estava sob a autoridade de um mestre arquiteto, que tinha a suas ordens os oficiais companheiros (divididos em subgraus e funções), que por seu lado vigiavam e dirigiam os trabalhos dos aprendizes. Esta estrutura ternária e hierarquizada de aprendiz, companheiro e mestre se encontra com os mesmos ou diferentes nomes unanimemente repartida em todas as organizações iniciáticas e esotéricas, pois tal hierarquia expressa um modelo do processo iniciático íntegro, que reproduz exatamente o desenvolvimento cosmogônico das "trevas à luz", do "caos à ordem". Um dos poucos testemunhos que se conservaram dos desenhos realizados pelos maçons operativos é o álbum do arquiteto francês Villard de Honnecourt, ao qual pertence também o traçado de um labirinto, cuja forma é idêntica à de todos os labirintos iniciáticos: uma série de dobras concêntricas que conduzem, depois de um longo trajeto que começa na periferia, ao centro do próprio labirinto, ou ponto de contato com o eixo vertical por onde se produz a comunicação com os estados superiores e a "saída" definitiva do cosmos, ou seja dos limites determinados pelo tempo -e seu porvir cíclico- e o espaço.
Junto aos maçons operativos encontramos os sábios alquimistas e astrólogos, perfeitos conhecedores das ciências da natureza aplicadas como símbolos vivos do processo iniciático e regenerador. Eles dotaram a catedral de numerosos símbolos baseados nas correspondências e analogias entre o macro e o microcosmos, o céu e a terra, a divindade e o homem, considerando-se os legítimos herdeiros da ciência sagrada de Hermes Trismegisto. A "pedra bruta" que os maçons poliam e talhavam para a construção, representava, como já dissemos, o mesmo que a "matéria caótica" dos alquimistas: uma imagem da substância plástica indiferenciada na qual estão contidas, em estado não desenvolvido e potencial, todas as possibilidades de manifestação de um mundo ou de um ser. A pedra estava viva, não era simples matéria inerte, e ao mesmo tempo, sua dureza e estabilidade simbolizavam a imutabilidade e firmeza do Espírito. Em tudo isso, um detalhe não deve passar desapercebido: os alquimistas tinham a Santiago, o Mayor, como santo padroeiro, que junto com São João Evangelista (padroeiro dos maçons ) e São Pedro (fundador da Igreja), assistiu aos mistérios da Transfiguração de Cristo no Monte Tabor. A partir de então, um "laço" fundamentado em um "Segredo" devia unir, acima das diferenças formais, a todos aqueles que estavam sob a proteção desses santos cristãos, uma mostra do que foram as fraternais relações que se viviam durante as edificações das igrejas-catedrais. Essa fraternidade entre alquimistas e maçons deveria perdurar ainda até o século XVIII. A liberdade de movimento de que gozavam os maçons francos, facilitaria os intercâmbios de conhecimentos com outros grêmios de artesãos, dentre os quais se destaca a chamada Companherismo, que agrupava diversos ofícios (entre eles os entalhadores de pedra e escultores), e que, da mesma forma que os maçons, tinham seus graus e segredos de iniciação. Dessa forma, esses intercâmbios se deram com as diversas ordens monásticas e cavalheirescas. Não há que se fazer, portanto, um excessivo esforço de imaginação para formar-se uma idéia do clima espiritual que se respirava naquela fecunda e luminosa época. Poder-se-ia dizer, sem temor de exagerar, que ali o saber não tinha fronteiras. E mais: a cordial convivência existente entre as organizações iniciáticas e esotéricas, e aquelas de caráter religioso e exotérico, testemunhava o vigor e a saúde da tradição. Os cavaleiros templários, esses monges guerreiros que eram também construtores e cujas regras foram inspiradas por São Bernardo, mantinham sob sua proteção numerosas lojas maçônicas. E isso não deve passar inadvertido, pois quando esta organização do esoterismo cristão desapareceu como tal em circunstâncias sangrentas (devido a um acordo do sinistro rei francês Felipe, o Formoso com o Papa Clemente V), essas mesmas lojas, sobretudo as da Inglaterra e Escócia, acolheram em seu seio muitos dos templários sobreviventes, que traziam consigo certos conhecimentos iniciáticos de sua Ordem que acabariam por integrar-se definitivamente na estrutura simbólica e ritual da Maçonaria . Digamos que dentre essas lojas merece destaque a Grande Loja Real de Edimburgo, fundada pelo rei Robert Bruce, que se opôs à extinção da Ordem do Templo combatendo ao lado dos templários. É significativo que o ano de constituição da Ordem Real da Escócia seja o de 1314 (ano em que se extinguiu a Ordem dos Templários), e que esta teve como Loja Mãe a Ordem Heredom de Kilwinning, cujos alguns dos rituais eram de inspiração templária. E esta palavra, heredom, significa "herança", que é a mesma recebida pelos templários. Não existem documentos escritos que atestem a realidade dessa herança simbólica, ainda que seja evidente que ela aconteceu. Por tratar-se de transferências sagradas estas têm lugar primeiramente no plano estritamente espiritual e metafísico, concretizando-se no âmbito humano por mediação de individualidades (pouco importa, neste caso, que sejam conhecidas ou anônimas) que as realizam de maneira efetiva. Um fio sutil e luminoso une o mundo superior ao inferior, e o inferior ao superior, e a manutenção dessa comunicação é uma das principais funções que sempre tiveram as organizações tradicionais e iniciáticas. Recordemos, neste sentido, que a palavra "tradição" procede do latim tradere, que significa "transmitir" (e por, extensão, herança), e transmissão de uma verdade, voltamos a repetir, que remonta às próprias origens da humanidade, e que todas as civilizações consideraram como a fonte de seu saber e cultura. Essencialmente, os templários transmitiram à Maçonaria a idéia da edificação do templo espiritual "que não é feito por mãos de homem" segundo a mensagem evangélica. Tal idéia ficou materializada com a criação de certos altos graus, complementares ao mestrado, de procedência templária. Um dos mais notáveis, por sua riqueza simbólica , é o grau de Royal Arch do Rito Inglês de Emulação. A Ordem do Temple (ou do Templo), em seu núcleo mais interno era de essência johannica (do mesma forma que a Maçonaria), pois se inspirava nos mistérios contidos no Evangelho e no Apocalipse de São João. Dessa forma, os "Cavaleiros de Cristo" tinham como uma de suas principais missões a proteção do Santo Sepulcro e a manutenção das relações com a "Terra Santa", ou seja, com o "Centro Supremo" ou "Centro do Mundo". Com o desaparecimento do Templo, a Maçonaria tradicional (e aquí enfatizamos o "tradicional"), do mesmo modo que a Ordem hermética da Rosa-Cruz, continuaria mantendo para o Ocidente os vínculos com essa "Terra Santa", também chamada em outras culturas de "Terra dos Imortais" ou "Terra dos Bem-aventurados". Durante o Renascimento encontramos a mesma ausência de documentos escritos sobre as relações que o hermetismo cristão e alquímico manteve com a Maçonaria. Graças à recuperação da filosofia platônica, impulsionada na Itália por Marsilio Ficino e Pico da Mirándola, se assiste, nessa época, a um novo ressurgimento da tradição e do saber hermético, onde há que se incluir a Magia Natural e a Cabala cristã. Livros como De Harmonia Mundi de Francesco Giorgi, a Cabala Denudata de J. Reuchlin, a Mônada Hieroglífica de John Dee, e a Filosofia Oculta de Cornélio Agripa, entre tantos outros, exerceram uma grande influência nos círculos herméticos de toda a Europa. Em tudo isso há algo importante a assinalar: devido a fraternidade que se criou no período Medieval entre os agrupamentos herméticos e os grêmios de construtores, era perfeitamente normal que em uma época como o Renascimento - onde o suporte de uma civilização tradicional estava já bastante debilitado - esses vínculos se fortaleceram com o fim de salvaguardar os valores da tradição e da doutrina.
 
 
 Tradução: Sérgio K. Jerez

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