O sol vai ainda demorar uma hora para sair. Mas já tenho luz para fotografar. Em silêncio, caminho pelo gramado que vai da recepção até uma ribanceira. De lá, terei uma vista sobre o Mar Morto e as montanhas.
Quando chego perto, observo uma silhueta. É uma fêmea! Ela caminha lentamente, passa por trás de uma árvore e reaparece. Como pano de fundo, tenho agora a água do lago. A Nikon dispara de forma contínua, até o bicho descer no penhasco.
Fico animado. Confiro as imagens e o perfil da cabra está bonito. Ao chegar à ribanceira, descubro uma meia dúzia de outros animais. Como conseguem chegar no alto do precipício e caminhar por esses barrancos tão íngremes?
Uma das respostas: suas patas são fortes e pequenas e escolhem o lugar do próximo passo com a intuição correta.
Um ibex, bode selvagem, se esquenta no sol da manhã; ao fundo, o azul do Mar Morto e as montanhas da Jordânia.
O ibex do Mar Morto é a Capra ibex nubiana. Segundo os biólogos que a consideram uma espécie distinta da cabra selvagem europeia, seu nome seria mais simples: Capra nubiana. O animal vive entre o deserto da antiga Núbia (hoje Sudão e Egito) até os da península Arábica. Em Israel, após as guerras das últimas décadas, o ibex estava prestes a desaparecer. Mas o esforço do INPA (Israel Nature and Parks Authority) fez que o rebanho de ibex crescesse. O sucesso dessa iniciativa de conservação deu ao ibex visibilidade nacional e um belo macho faz parte da logomarca do INPA.As autoridades israelenses consideram que o animal possui, no país, o status de conservação vulnerável na zona desértica e raro no litoral do Mediterrâneo. A expansão da agricultura e a competição por alimentos com animais domésticos continuam sendo as principais causas da ameaça à espécie. Mas, ao contrário do que acontece nos países vizinhos (Jordânia e Egito), em Israel o ibex é protegido por lei e não é caçado.
Um jovem casal no meio da encosta: o macho (à esquerda) possui chifres maiores que os da fêmea.
O sol aparece com toda sua força e o pelo castanho do animal ganha mais brilho. Decido descer a ribanceira (pela estrada, pois não sou bode selvagem) para encontrar outros rebanhos. Os chifres curvos de alguns machos chegam até um metro de comprimento. Mas são suas barbichas longas e escuras que dão um toque de nobreza ao animal.
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