A proclamação da independência americana, em 4 de julho de 1776, teve o patrocínio delas. Thomas Jefferson e Benjamin Franklin eram maçons, 14 dos presidentes americanos também. O mesmo diga-se da Revolução Francesa, que adotou a trilogia liberté, égalité ou la mort —, que, embora nada tenha a ver com o triângulo da maçonaria, teve sua inspiração e participação. Um de seus símbolos mais emblemáticos é o triângulo, representando cada um de seus lados os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Essa a razão de conservar-se na bandeira do Estado de Minas Gerais a mesma divisa ilustrada com a expressão latina libertas quae sera tamen — liberdade ainda que tardia — que resumia o espírito da Conjuração Mineira. Em Portugal, a maçonaria teria chegado pelas mãos de ingleses, conforme alvará de autorização do Grão-Mestre inglês lorde Weimouth, em 1730. No Brasil, há controvérsia sobre o tema. A primeira loja, com o nome de União, teria formalmente se instalado no Rio de Janeiro, em 1800. Em 1802, foi a vez da Bahia, com as lojas Virtude e Razão. Em 1804, as lojas Constância e Filantropia passaram a atuar no Rio. A partir daí, se espraiaram pelo Brasil afora. Quase todos os movimentos libertários no país tiveram inspiração e participação de maçons. A libertação dos escravos é exemplo típico, ainda que, à época, contrária aos interesses dos fazendeiros e de boa parte da Igreja. A Independência foi quase toda obra da Maçonaria, que, sob os auspícios de Joaquim Gonçalves Ledo e José Bonifácio de Andrada e Silva, Maçons, que, com outros, ardentemente a defenderam, e que levaram Dom Pedro a nela se iniciar com o nome de Guatimozim. José Bonifácio tornou-se o primeiro Grão-Mestre no Brasil. Depois, o próprio Dom Pedro. Uma das colunas internas do templo onde se reuniam tinha o sugestivo nome de “Independência ou Morte”, que serviu de mote a Dom Pedro no histórico brado proferido às margens do Ipiranga.
Em decorrência dos conflitos entre o governo e a Igreja, advindos da “questão religiosa”, da insatisfação dos militares pós-Guerra do Paraguai, com suas idéias libertárias, e da franca presença dos maçons sob a liderança de Quintino Boacaiúva, Campos Salles, Prudente de Morais e tantos outros, sedimentou-se o cadinho que resultou na Proclamação da República. O marechal Deodoro da Fonseca, que era maçom, foi o agente de sua execução, compelido por militares e civis maçons. Por certo, o que as instituições nacionais devem à maçonaria não caberia neste espaço. No mínimo mereceria um denso ensaio. Vale o registro apenas para situar o reconhecimento do papel que exerceu. O resto fica na expectativa de que seu espírito possa orientar nossos políticos e nos faça livrar da tragédia da corrupção — praga do momento.
Ir. Maurício
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