ELEMENTO ÁGUA
Não é privilégio nenhum da Maçonaria o
uso do elemento água em sua simbologia. Na verdade devemos deixar bem claro que
a Maçonaria Especulativa praticada em mais de 1000 formas ritualísticas, buscou
nas religiões, nas ciências exatas, nas filosofias, em fim, buscou no mundo
físico e metafísico, elementos que codificados em símbolos pudessem perpetuar
uma instrução. A água basicamente serve para duas coisas nutrição e limpeza. A
limpeza que ultrapassa os aspectos materiais é chamada de purificação.
Purificar é retirar nódoas, apresentar-se perante o imaterial (puro) com o
menos possível de impurezas. Na Maçonaria Simbólica a água por suas três
características físicas (incolor, inodoro, insípida) representa a vida
maçônica. É assim que dever ser o Maçom, ele precisa ser leal e transparente
(incolor), não pode espalhar pelos quatro cantos seus feitos, as ações devem
ser executadas sem “perfumaria” (inodoro). Sua presença deve ser discreta, não
deve se destacar pelas cores e brilhos das comendas (insípido). Visualizar um
curso de água nos permeia com grandes reflexões. Todos nós nascemos “pequenos”,
somos apenas uma pequena mina d’agua, durante nosso curso/vida é que nos
tornamos maior, e o “crescimento” só acontece com nosso contato com os que estão
a “nossa margem”. Os afluentes são as “incorporações de conhecimento” e se
conseguirmos chegar à foz (Delta), nos incorporamos ao grande oceano da vida.
Durante a existência, se estivermos como um rio cheio de pedras devemos
aprender a contornar os obstáculos, se a quietude nos tornar um lago, devemos
aproveitar para cuidar do nosso interior, e que nosso “espelho d’agua” reflita
os céus e as coisas do alto. Mas há também as corredeiras e grandes quedas,
essas são as mais importantes. Fragmentam-nos e às vezes nos colocam como
pequenas gotas de chuva. Mas é justamente neste momento que temos contato mais
íntimo com o elemento ar (as coisas espirituais). “Oxigenados”, lá no final da
queda, nos reagrupamos e seguimos o curso da história. Empédocles foi um filósofo
grego que disse que a água era um dos quatro elementos presentes na natureza,
juntamente com o fogo, terra e ar, porém era tratada como a substância básica
do Universo. O nosso próprio planeta, não deveria chamar-se Terra, mas Planeta
Água, somos um planeta azul e não marrom. A molécula de água é formada por dois
elementos, mas para estabilizar esta dualidade, necessário que estejam
presentes três átomos. É interessante pensar que dois gases (espíritos/etéreo)
se juntam para formar um líquido (matéria). Os cristãos, os muçulmanos, os
hindus, os islamitas, os xintoístas e muitos outros segmentos, praticam o
batismo/imersão/lavagem com a água, simbolizando o nascimento de um novo ser,
purificado com remissão dos pecados/erros. O Maçom ao ter suas mãos purificadas
deve sempre se lembrar que elas jamais deveram ser instrumentos de ações
desonestas, em suas mãos estão as digitais, sua assinatura única e universal.
Toda e qualquer ação levará sua impressão. A ciência proclama que há três
estados para a água: sólido, líquido e gasoso, hoje descobri um quarto estado
que tem características dos outros três. É sólido, por ser tátil, tem peso e
arestas que arranham e machucam. É liquido por escorrer e passa a sensação que
está causando uma grande erosão. É gasoso porque evapora e ocupa rapidamente o
ambiente, nos deixando sem ar. Este estado da água chama-se lágrima. É o
primeiro natal que passo sem minha esposa, preferi a solidão da casa a
compartilhar um semblante triste. A morte não é ruim para quem vai é apenas
péssima para quem fica. Há muitos anos atrás em um formulário de admissão
respondi que acreditava na existência de um Princípio Criador e na imortalidade
da alma. Na noite de 24 para 25, fiz minhas orações em prol dos Irmãos, acendi
uma vela e escrevi várias cartas para ela, estão sobre a mesa. No Livro da Lei,
em Salmo 56.8 lemos: “Contaste os meus passos quando sofri perseguições;
recolheste as minhas lágrimas no teu odre: não estão elas inscritas no teu
livro?” Que Assim Seja!