O incidente foi a gota d’água. No mesmo ano, o Vaticano autorizou uma guerra santa contra Languedoc – a primeira e última cruzada contra cristãos da história. No cerco a Béziers, em julho de 1209, 7 mil fiéis foram chacinados, entre eles mulheres e crianças. Em 1244, 200 cátaros foram queimados vivos numa grande fogueira nas redondezas da fortaleza de Montségur. A tortura era generalizada. O interrogador católico Guilhem Sais, certa vez, afogou uma mulher cátara num barril de vinho, pois ela não queria confessar seus supostos pecados.
A Igreja precisou de décadas, mas conseguiu varrer os cátaros da face da terra. No coração dos habitantes de Languedoc, porém, a seita sobreviveu. O povo daquela região é do contra, lembra? Até hoje, em cidades como Montpellier e Toulouse, os revoltosos viraram até nome de rua: des Heretiques (dos Heréticos) na primeira e des Cathares (dos Cátaros) na segunda. Custou a vida de muitos, mas eles conseguiram sua revanche contra o papado. “Se existe uma coisa que os cátaros nos ensinaram”, diz Pegg, “é que as fronteiras da heresia são móveis, e que devemos ousar alargá-las.”
Descaminhos da heresia
A curta trajetória de uma seita esmagada pela Igreja
1167
São criadas as 4 primeiras paróquias cátaras, na França.
1198
O papa Inocêncio 3º suspende os bispos ligados ao catarismo.
1208
Um enviado do papa excomunga um nobre cátaro e é assassinado.
1209
Começa a cruzada contra a seita. Em Béziers, 7 mil são chacinados.
1233
O papa Gregório 9º ordena a Santa Inquisição, para reprimir heresias.
1244
Duzentos cátaros são queimados em Montségur. É o fim da seita.
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