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domingo, 7 de abril de 2013

Uma história simbólica


 
 
Devemos nos situar, pois, nessa época crucial da história da Europa e do Ocidente que foi, sem dúvida, a Idade Média. Ali encontramos aos grêmios, ou agrupamentos de construtores conhecidos como os free-masons ou franc-maçons , que por estarem isentos do imposto alfandegário podiam viajar e deslocar-se livremente por todos os países da cristandade. Dessa liberdade de movimento é que lhes era dado, em parte, o nome de "franc-maçons", que quer dizer "pedreiros, ou construtores, livres". Dissemos "em parte", porque, como acertadamente escreve Christian Jacq: "O franc-maçon é o escultor da pedra franca, ou seja, da pedra que pode ser talhada e esculpida... O 'maçon franco' é, sobretudo, o artesão mais hábil e mais competente, o homem que é livre de espírito e que se libera da matéria por sua arte... Em numerosos textos medievais, o franco-maçon é oposto ao simples pedreiro, que não conhecia a utilização prática e esotérica do compasso, do esquadro e da régua". Assim, pois, esses "maçons francos" possuiam seus mistérios iniciáticos e suas técnicas do ofício relacionadas com a construção, e expressavam na ordem concreta das coisas a realização efetiva desses mistérios. Em grande medida, os maçons operativos haviam herdado essas técnicas diretamente dos Collegia Fabrorum romanos, ou seja, dos agrupamentos de construtores e artesãos cujas origens remontavam ao legendário rei Numa. Assim como ocorreu com a Maçonaria, os Collegia Fabrorum também recolheram a herança simbólica de tradições desaparecidas, a mais notável das quais foi a tradição Etrusca, cuja cosmologia passou ao Império Romano através desses colégios. É interessante ressaltar que os Collegia Fabrorum veneravam muito especialmente ao deus Jano Bifronte, chamado assim porque possuia dois rostos, um que olhava para a esquerda (ao Ocidente, ou lado da escuridão), e outro para a direita (ao Oriente, ou lado da luz), abrangendo dessa maneira o mundo inteiro. Se bem que o simbolismo pertencente a esta divindade romana seja bastante complexo, sabe-se com segurança que estava relacionada com os mistérios iniciáticos, concretamente com os ritos de "passagem" ou de "trânsito". Na Maçonaria operativa medieval esses mesmos atributos passaram a fazer parte dos dois São João, cujo nome é idêntico ao de Jano. Mais ainda: através dos Collegia romanos, a Maçonaria recebeu (entre outras fontes de procedências diversas) a cosmologia dos pitagóricos, baseada, como já se mencionou, nas correspondências simbólicas dos números e da geometria, ciências e artes sagradas que precisamente têm na arquitetura suas aplicações mais perfeitas. Entre os personagens conhecidos que facilitaram esse trabalho de transmissão da cosmologia pitagórica (e também platônica) ao período Medieval, merece destaque, no século VII, Boecio, chamado o "último dos romanos" e autor da Consolação da Filosofía. Os estudos de Boecio sobre astronomia, geometria, aritmética e música, foram realmente decisivos para o enriquecimento das "sete artes liberais", divididas no trivium e no cuadrivium, de suma importância nos ensinamentos da maçonaria operativa. Por outro lado, a filosofía de Boecio influenciou notoriamente a literatura e o pensamento esotérico da Maçonaria tradicional dos séculos XVIII e XIX, por exemplo em autores como Louis Claude de Saint Martin e José de Maistre. Seguindo com esta ordem de idéias, existiu uma lenda difundida entre os maçons de língua inglesa, segundo a qual um tal Peter Grower, originário da Grécia, trouxe aos países anglo-saxões determinados conhecimentos relativos à arte da construção. Alguns autores, entre eles René Guénon, afirmam que este personagem, Peter Grower, não era senão Pitágoras, ou melhor, a ciência dos números e a geometria que através dos pitagóricos foram introduzidas nas ilhas britânicas, ao mesmo tempo que em todo o continente. No mundo da Tradição muitas vezes os nomes das pessoas, sejam históricas ou lendárias, designam, mais que os próprios personagens, os conhecimentos que eles transmitiram e que, com frequência, se transmitiram por meio das escolas ou confrarias que fundaram. É o que, de certo modo, ocorre com o matemático grego Euclides, que é mencionado nos "Antigos Deveres" -Old Charges- (que representa uma série de documentos e escritos da Maçonaria operativa onde foram definidos alguns eventos relacionados com a história sagrada da Ordem maçônica). Em um desses documentos, o manuscrito Regius, se faz alusão a Euclides como o "pai" da geometria, enfatizando-se que esta não designa senão a própria Maçonaria. Em outros manuscritos se diz que o mesmo Euclides foi discípulo de Abraão, o que, do ponto de vista da cronologia histórica é totalmente sem nexo, pois, como se sabe, Euclides viveu no Egito durante o século III a. C., e Abraão aproximadamente dois mil anos antes. Mas, tendo em conta de que se trata de história sagrada, e não simplesmente profana, o que em verdade se quer dizer com esta lenda é que Euclides foi o discípulo que recebeu o saber que o Patriarca encarnava, que era em si o monoteísmo hebraico em sua expressão cosmogônica e metafísica.5 Resumindo, em realidade tudo isso refere-se a uma transmissão de caráter sagrado efetuada da tradição judia para a Ordem maçônica, o que equivale a uma autêntica "paternidade espiritual". Seja como for, o legado da cosmologia greco-romana unida à espiritualidade cristã, deu como resultado a criação da catedral gótica, edificada pelos grêmios de construtores. Uma catedral, ou um monastério, é um compêndio de sabedoria; nela, gravada na pedra, se materializam todas as ciências e todas as artes, assim como os diferentes episódios bíblicos que fazem a história da tradição judaico-cristã. Ali aparecem os diversos reinos da natureza, o mineral, o vegetal, o animal e o humano, da mesma forma que as hierarquias angelicais que circundam o trono onde mora a deidade. Tudo isso converte a catedral em um livro de imagens e símbolos herméticos reveladores da estrutura sutil e espiritual do cosmos. Essas colunas que se elevam verticalmente até outro espaço, unindo a parte inferior (a terra) à superior (o céu), esses arcos e abóbodas que se assemelham a cristalizações dos movimentos circulares gerados pelos astros, essa luz solar que ao penetrar através do colorido policromado dos vitrais se transforma em um fogo sutil que a tudo inunda; todo isso, dizemos, nos permite reconhecer a existência de um espaço e um tempo sagrados e significativos. Este conjunto de equilíbrios, módulos e formas harmoniosas (que por refletir a Beleza da inteligência divina se constitui em "resplendor do verdadeiro", como diria Platão) se gera a partir de um ponto central, que, por sua vez, é o "traço" de um eixo vertical invisível, mas cuja presença é onipresente em todo o templo. Este ponto central não é senão o "nó vital" que promove a coesão do edifício inteiro, e para onde conflui e se expande, como se se tratasse de uma respiração, toda a estrutura do mesmo. Tal "nó vital" era bem conhecido pelos mestres de obra, que viam seu reflexo no umbigo, sede simbólica do "centro vital" do templo-corpo humano. Essa estrutura do cosmos-catedral, imperceptível aos sentidos comuns, se percebe graças à intuição intelectual e às formas visíveis do céu e da terra, que estão simbolizadas pela abóboda e pela base quadrangular ou retangular, respectivamente. Daí que a Maçonaria conceba o cosmos como uma obra arquitetônica, e, a divindade, como o Grande Arquiteto do Universo, também chamado Espírito da Construção Universal em outras tradições.

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