(...) A realidade inexiste, é a alma que com sua felicidade ou sua dor manipula a realidade, a qual não deve ser examinada em detalhe. De um lado, o romântico necessita de uma grande amplitude, um grande tema; de outro, teme o pormenor, teme o detalhe; crê que um exame minucioso faz desaparecer a beleza do mundo e, sobretudo, a bondade. A análise não serve para afirmar-se em uma porção da realidade por menor que seja, senão para fazê-la duvidar, e a angustia de seu estado é por não ter mais remédio senão olhar o mundo com um espírito inquisitivo:
Vamos andando, pois, e fazendo ruído,
Levando pelo mundo o esqueleto
De carne e nervos e de pele vestido.
E a alma que não sou eu se esconde!
Vamos andando sem saber para aonde.
Espronceda – (vc. 2180-84).
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