Por Quirino
Conceitualmente entendemos fraternidade como sendo o parentesco entre irmãos,
baseando em sentimentos de afeto próprios daqueles de origem de mesma família ou
grupo social. Este é um dos grandes equívocos dos Maçons. Acabamos confundindo a
ação fraterna com solidariedade, caridade e até corporativismo. O conceito
maçônico de fraternidade está intrinsecamente ligado ás idéias iluministas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
proclamada em 1948 tem em seu artigo primeiro o seguinte conteúdo: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às
outras com espírito de
fraternidade.” Agora devemos adentrar no aspecto filosófico; desde que o
homem resolveu viver em comunidade, tornando assim o que Aristóteles tratou como
“ser político” foram criadas as regras de organização da vida e objetivos da
comunidade que regem os relacionamentos, respeitando a liberdade do indivíduo e
a igualdades dos cidadãos. Mas qual será a força motriz que manterá estes
valores respeitados? A resposta está no “respeito mútuo” que é a expressão máxima
de Fraternidade, no livro Fonte Viva ditado pelo espírito de Emmanuel
encontramos uma frase que vai de encontro aos propósitos maçônicos: "A união fraternal é o sonho sublime da alma
humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros,
cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir.
Somente alcançaremos semelhante realização procurando guardar a unidade do
espírito pelo vínculo da paz." Ultrapassando o limite do dever individual
para a consciência do direito coletivo, nós Maçons devemos trabalhar para
adaptar nosso espírito às grandes afeições (fraternidade) e a só concebermos
idéias sólidas de virtudes (liberdade e igualdade), porque somente regulando
nossos costumes pelos eternos princípios da Moral, é que poderemos dar à alma
esse equilíbrio de força e de sensibilidade que constitui a Ciência da Vida.
(Acredito que você já tenha lido isto em algum lugar). Provavelmente todos
conhecem a expressão ”ele já nasceu maçom”, que usamos quando encontramos um
homem (não iniciado) que pelo seu trabalho ou conduta coaduna com nossos
princípios. Pois bem, para arrepiar o bigode dos mais tradicionalistas, digo que
a Professora Maria Inês Chaves de Andrade “já nasceu maçom”, apesar de não ser
iniciada, em sua tese de doutorado, intitulada “A Fraternidade como Direito
Fundamental entre o Ser e o Dever Ser na Dialética dos Opostos de Hegel” ela
discorre com grande propriedade aspectos que somente encontraremos no estudo
mais apurados dos graus da Maçonaria. Na página 194 de sua tese, sobre Liberdade
e Fraternidade ela escreveu: “É fato que
o trabalho gera direitos na relação com o outro, dentre os quais a liberdade,
mas é a fraternidade que aplaina as ranhuras da liberdade subjetiva no éthos,
porque a vontade de Ser humano é próprio homem, portanto, diz respeito à
liberdade do sujeito”. Sobre Igualdade e Fraternidade ela instrui que a razão que confecciona o nó da liberdade
efetiva, concebe a fraternidade e suporta no direito a vontade livre de ser o
que se é, Ser humano diante do outro. Ser humano também em sua universalidade,
ser-para-si na sociedade, livre para ser “aquilo que ele é, enquanto ele mesmo,
pode ser”, portanto, na efetividade da fraternidade como direito de todo ser
humano, que assim sendo, resultará em uma sociedade mais ordenada e racional.
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